A história de vida de Malala pode ser um exemplo para conversar sobre Direitos Humanos. Neste artigo, falamos sobre sua biografia e pautas que Malala defende, como educação e igualdade de gênero.

Por Gabriela Esmeraldino, para o Instituto Aurora

(Arte: Cleverson Pacheco. Foto: Franciele Correa)

Malala: atualmente é quase impossível falar sobre Direito e Educação sem nunca ter ouvido esse nome, ainda que superficialmente. O nome Malala ecoou pelo mundo quando ela foi baleada pelo Talibã aos 15 anos de idade por seu ativismo pelo direito à educação das mulheres e meninas no Paquistão. E aos 17 anos foi a pessoa mais jovem a ganhar um prêmio Nobel da Paz como reconhecimento da sua luta.

A história de vida de Malala

A jovem ativista nasceu em Mingora, no Paquistão e é de uma família Pashtun, grupo étnicolinguístico que tem como idioma o Pashtun, segue o islamismo e tem um código ético pré-islâmico, que conta com preceitos como: hospitalidade, abrigo, igualdade, compromisso, entre outros. 

Muito antes de ficar conhecida como “a menina baleada pelo Talibã”, muito antes até de seu nascimento, a luta pela educação já estava presente na casa de Malala. Ela nasceu em uma família de professores, seu avô e seus tios eram professores, e seu pai, além de professor, cresceu com o sonho de fundar uma escola e poder levar educação a crianças que não tinham condições. 

Ziauddin Yousafzai se dedicou desde muito jovem a colocar esse plano em ação, e ao seu lado, a esposa Pekai Yousafzai foi sua aliada, tanto cuidando dos assuntos domésticos e dos filhos, como ajudando em todas as decisões de Ziauddin. Isso não era muito comum em um Paquistão em que mulheres não eram ouvidas. 

Não foi uma tarefa fácil, mas depois de muito batalhar, fracassar, tentar de novo, Ziauddin conseguiu abrir a escola junto com um sócio. Foi lá que Malala cresceu entre cadeiras, quadros e livros, vendo seus pais lutarem para manter o funcionamento, e para garantir vagas gratuitas destinadas a crianças que não podiam pagar. Isso fazia com que a família tivesse uma condição financeira apertada, já que as vagas gratuitas tomavam lugar de crianças pagantes. 

Além da escola, Malala e Ziauddin falam publicamente sobre a importância da educação e a necessidade de os governos investirem em educação, principalmente das meninas.

Quando o Talibã tomou o poder e começou a restringir os direitos das mulheres e a perseguir os que fossem contra as regras autoritárias, Malala e Ziauddin não se calaram, continuaram dando entrevistas, palestras, participando de documentários e montaram uma escola clandestina para que as meninas não deixassem de estudar. 

Os dois receberam ameaças, mas jamais esperariam que o Talibã fosse tentar matar uma criança. Após ver a morte de perto, ao contrário do que se esperava, o discurso de Malala ganhou forças. Não só tomou o mundo por causa do incidente, como deu ainda mais coragem para que ela continuasse lutando pelos direitos. 

“Eles acharam que balas nos silenciaram, mas falharam e, então, do silêncio vieram milhares de vozes. Os terroristas pensaram que mudariam nossos objetivos e eliminariam nossos desejos, mas apenas uma coisa mudou na minha vida: a fraqueza, o medo e a falta de esperança morreram, enquanto a força, o poder e a coragem nasceram.”

Os temas defendidos por Malala

Em entrevistas e palestras Malala fala sobre a importância da educação, e principalmente da educação de meninas, para que haja uma mudança significativa no mundo e para que cada vez mais tenhamos mulheres no poder e em posição de igualdade. E além disso, que mulheres bem instruídas movem a economia de um país, e que os governos autoritários sabem disso e temem a igualdade. Por isso, têm a educação de mulheres como alvo quando tomam o poder. Malala afirma que não só construir escolas, mas empoderar e instruir os líderes políticos para que invistam na educação também é parte de seu objetivo. 

No livro sobre a sua vida e em entrevistas Malala também fala sobre o islamismo, explica que a religião não prega a desigualdade, mas que os preceitos são deturpados por extremistas religiosos para justificar leis autoritárias e desiguais. Ressalta como o islamismo, na verdade, é uma religião de igualdade e que em nenhum momento coloca as mulheres como seres inferiores, que isso é parte de interpretações desonestas. Quando fala sobre isso, Malala alerta sobre os perigos do extremismo religioso e de como isso afeta as mulheres e perpetua a desigualdade. 

A vida toda de Malala e de sua família é uma lição sobre Direitos Humanos e principalmente sobre a coragem para fazer com que nossas vozes sejam ouvidas, e que devemos exigir que nossos direitos sejam cumpridos, ainda que em tempos de autoritarismo e medo, ou principalmente em tempos de autoritarismo e medo.

Atualmente Malala está formada em Oxford no curso de Filosofia, Política e Economia e diz que não pretende se candidatar a cargos políticos, mas a continuar buscando mudanças políticas e educacionais com seu ativismo, principalmente em seu país-lar Paquistão, do qual teve que sair após o atentado.

Onde saber mais sobre a história de Malala 

É possível saber mais sobre as ações de Malala e ajudar pelo site do Malala Fund. No livro “Eu, Malala”, escrito por ela, Malala conta a história de sua família, do atentado, da recuperação e da sua força. 

Na Netflix, o episódio 3 do programa “My Next Guest No Needs Introduction” é uma entrevista em que Malala fala tanto sobre ativismo como sobre seus gostos pessoais de uma forma bastante leve e divertida. 

Além do “Eu, Malala”, a jovem também escreveu “Longe de Casa: Minha jornada e histórias de refugiados pelo mundo”, em que fala sobre a experiência de ter que sair do país em que nasceu e ama, e viver como uma refugiada. Ela ainda conta histórias e experiências de outros refugiados.  

E para crianças de 8 a 12 anos Malala escreveu a autobiografia “Malala: minha história em defesa dos direitos das meninas”.

Malala também é ativa nas redes sociais e é possível acompanhar o que ela está fazendo no twitter ou no instagram e ainda no twitter de sua organização Malala Fund.

A arte na educação em e para Direitos Humanos é uma pauta fixa do Instituto Aurora, se quiser saber mais recomendamos os posts: 

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Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
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Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
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    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.
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