Ei, professora, que tal usar os artistas mais influentes de 2021 nas suas aulas para ensinar sobre Direitos Humanos?

Por Gabriela Esmeraldino, para o Instituto Aurora

Que a arte é um instrumento possível e necessário na Educação em e para Direitos Humanos nós já falamos aqui: Arte na Educação em Direitos Humanos: criar vivências e transmitir valores. Mas você sabe como trazer esse diálogo para um contexto atual e próximo dos jovens?

Um dos principais focos da educação em e para direitos humanos são os adolescentes, já que eles, além de ser o presente, são o futuro da sociedade.  É necessário e urgente que nossas juventudes tenham pensamento crítico e questionador, que aprendam a olhar o outro como igual e detentor dos mesmos direitos, a ter empatia, e a compartilhar conhecimento e propagar informação de qualidade. 

A arte permeia o nosso dia-a-dia, por meio de literatura, pintura, teatro, filmes, séries e música. E quando bem utilizada e analisada de forma ativa deixa de ser apenas um elemento de lazer e se torna um instrumento que pode e deve ser utilizado na educação. 

Apenas falar tecnicamente sobre Direitos Humanos nem sempre vai despertar a atenção de adolescentes, mas trazer uma série que está sendo comentada nas redes sociais, um filme que está sendo premiado, músicas que são ouvidas diariamente, pode gerar interesse e trazer ótimos debates. 

bell hooks, no livro Anseios (1952, pg. 21) diz:

[…] eu tinha descoberto, em sala de aula e ao proferir palestras, que a utilização de textos visuais, filmes, obras de arte ou programas de televisão como base para falar sobre raça e gênero cativava o público. Todas as pessoas, independentemente de raça, classe ou gênero, pareciam ter ideias e modos de pensar as narrativas visuais que serviam como catalisadores de discussões aprofundadas.

Para que esse diálogo seja possível é necessário que o educador esteja atualizado sobre o que pode despertar interesse e ao mesmo tempo gerar debate. Uma das formas de fazer isso é acompanhar premiações, ou o que as revistas estão falando por aí sobre os artistas. 

Por exemplo, a Time, revista estadunidense que é uma das mais relevantes do mundo, anualmente lança uma lista das  100 pessoas mais influentes do mundo no último ano, TIME100 Next 2021: Meet the Emerging Leaders Shaping the Future | TIME. É importante salientar que a revista não analisa as consequências da influência, apenas o alcance, portanto é papel do educador filtrar as personalidades que podem ser trazidas para o debate e como fazê-lo. E é isso que vamos fazer aqui. 

O que vamos abordar neste artigo:

Publicado em 23/04/2021.

As características das 100 pessoas mais influentes

Antes de focarmos nos artistas cabe uma análise geral da lista, que também pode gerar questionamentos e iniciar debates.

Das 100 pessoas que aparecem na lista, 51, ou seja, mais da metade, são dos Estados Unidos. Embora a revista seja estadunidense, a proposta da lista é um levantamento mundial. Sabemos que os EUA ainda tem uma forte influência cultural no mundo, mas será que realmente não temos mais pessoas influentes em outros países? Dentre os não estadunidenses, apenas 6 são da América Latina, sendo 2 brasileiros, Anitta na categoria artistas e Boulos na categoria de líderes.

Mas essa análise também nos trouxe boas notícias, o número de mulheres é praticamente o mesmo que o número de homens, assim como o número de pessoas não-brancas é o mesmo que o de pessoas brancas. Será que estamos caminhando para uma maior representatividade nas nomeações mundiais? Esperamos que sim!

Alguns dos artistas mais influentes que podem ser trabalhados em sala de aula

Aqui fizemos um mini-filtro de artistas que são considerados os mais influentes na lista de 2021 e que falam e/ou fazem arte sobre Direitos Humanos:

Chloe x Halle

Chloe x Halle são duas jovens irmãs negras que aparecem juntas na lista. Com 20 e 22 anos, as duas já são consideradas grandes nomes do R&B na atualidade, além de participarem de filmes. Com mais de 4 milhões de ouvintes no Spotify, as irmãs têm apoio de ninguém mais, ninguém menos, que Beyoncé. Embora as letras das músicas falem sobre relacionamento, amizade, coração partido e possam não abrir um debate para Direitos Humanos diretamente, as duas usam as redes sociais para incentivar manifestações sobre questões raciais, direito das mulheres, questões climáticas, entre outros. Na maior parte das entrevistas, levantam ativamente questões sobre essas temáticas, e já falaram sobre a violência policial contra negros na Teen Vogue, revista destinada ao público adolescente. 

Mostrar para os jovens que artistas que eles escutam estão falando e participando ativamente de debates sobre os direitos humanos é uma forma de trazer essas discussões para dentro da sala de aula. 

Maitreyi Ramakrishnan

A próxima citada não aparece na categoria de artista da Time, mas na de fenômenos. Porém, Maitreyi Ramakrishnan é uma atriz canadense, de origem Tâmil (grupo étnico do sul da Ásia), de apenas 19 anos, que é estrela da série “Eu Nunca” da Netflix. A série é voltada para o público adolescente e, além de trazer temas como relacionamento, adolescência e problemas na escola, também levanta questionamento sobre questões raciais, orientação sexual, questões de gênero, liberdade cultural e religiosa.

Além da série, Maitreyi é embaixadora de uma ONG internacional de direito das crianças focada em igualdade de gênero, e sempre que aparece nas mídias levanta questões sobre os direitos humanos.

LaKeith Stanfield 

E, por fim, LaKeith Stanfield, ator indicado ao Oscar 2021 pelo filme “Judas e o Messias Negro”, que conta a história dos Panteras Negras e aborda questões raciais. LaKeith também participa de “Atlanta”, série sobre Hip Hop que aborda temas como violência racial, brutalidade policial, transfobia e outras críticas sociais. Além de ter atuado em “Corra”, filme de terror que fala sobre racismo e dominação branca. LaKeith é o tipo de artista que devemos ficar atentos e atentas ao trabalho, já que habitualmente os filmes e séries em que aparece abordam questões de Direitos Humanos. 

A arte na educação em e para Direitos Humanos é uma pauta fixa do Instituto Aurora. Se quiser saber mais sobre como fazemos isso na prática, acesse a seção “Portfólio”.

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Algumas referências utilizadas nesse texto:

Chloe and Halle talk women’s rights and Beyoncé at SXSW – CNNPolitics

Chloe x Halle’s New Album “Ungodly Hour” Explores Love and Regret | Teen Vogue

Dia Internacional da Menina: ‘Nada me preparou para o ódio que encontrei na internet’, diz estrela da série da Netflix Eu Nunca…

7 séries para refletir sobre o racismo

BROLEZZI, A. C. Empatia em Vigotski. Dialogia, São Paulo, n. 20, p. 153-166, jul./dez. 2014.

HOOKS. bell. Anseios: raça, gênero e políticas culturais. São Paulo: Editora Elefante, 2019.

Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
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Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
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A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
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Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
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Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
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Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
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Minha empresa quer doar

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    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.
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