Em um ano desafiador como 2020, que nos mostra diariamente o quanto ainda precisamos caminhar para um mundo justo socialmente, o Dia Internacional dos Direitos Humanos é uma data que nos pede uma pausa para reflexão. Que tal fazer isso a partir de um bom livro? Ou de um bom podcast?

No dia 10 de dezembro, a Declaração Universal dos Direitos Humanos faz aniversário. Oficializada há 72 anos, em 1948, a declaração foi inspirada em outros documentos, em muitas lutas sociais e também surgiu como uma resposta às violações de direitos que aconteceram na Segunda Guerra Mundial. Este aniversário é lembrado pelo Dia Internacional dos Direitos Humanos.

E em aniversários a gente costuma fazer aquele balanço entre passado, presente e futuro, né? Pensamos no que já vivemos e projetamos as coisas que desejamos para o amanhã. Que tal fazer isso neste Dia Internacional dos Direitos Humanos? Refletir sobre como esses direitos têm sido entendidos e defendidos, sobre os valores contemplados por eles, sobre as pessoas a quem esses direitos vêm sendo negados e por que isso acontece.

Reflexões como estas que propomos podem ser feitas de inúmeras maneiras. Mas a gente acha que um bom caminho para despertá-las pode ser o contato com uma produção artística ou com um projeto inspirador. Afinal, essas experiências geram conexões, nos trazem novos entendimentos e nos fazem olhar para a nossa humanidade compartilhada. 

Por isso, a nossa equipe conversou, trocou ideias e impressões sobre o que viu, ouviu e leu durante este ano, e assim criamos este Aurora Sugere Especial Dia Internacional dos Direitos Humanos 2020. Bateu a curiosidade para ver essa curadoria com as nossas produções e projetos favoritos?

Publicado em 10/12/2020.

Para assistir neste Dia Internacional dos Direitos Humanos

Falas Negras (2020)

Especial disponível no Globoplay de forma gratuita para contas cadastradas.

Criado por Manuela Dias e dirigido por Lázaro Ramos, o especial Falas Negras foi exibido no Dia da Consciência Negra, e trouxe 22 trechos de depoimentos reais – e também históricos – de pessoas pretas, que viveram em tempos e também em lugares diversos. Contadas em ordem cronológica, as falas de nomes como Martin Luther King, Angela Davis e Marielle Franco nos fazem mergulhar em uma linha do tempo de incessantes lutas – contra o racismo, pela liberdade, pela justiça.

“Uma convocação para conhecermos a história da luta negra”, disse Lázaro Ramos em uma entrevista ao Estadão sobre o especial. E, de fato, Falas Negras nos convoca. A conhecer e também a perguntar. Quantas das 22 falas apresentadas não tínhamos ouvido ainda? E quantos dos atores e das atrizes pretas que dão vida às personagens não conhecíamos, não sabíamos o nome ou pouco vimos em outros papéis na televisão? Quanto as lutas se repetem ao longo do tempo?

Lovecraft Country (2020)

Série disponível na HBO.

Se as reflexões sobre racismo te interessam – e se você gosta de horror e fantasia –  a série que estreou neste ano e foi baseada no livro Território Lovecraft (2016), de Matt Ruff, é uma ficção que nos ajuda a compreender a história e os efeitos do racismo nos Estados Unidos.

Livro e série fazem uma releitura do universo do escritor H.P. Lovecraft (1890-1937), pioneiro do chamado horror cósmico. Uma pessoa abertamente conservadora e racista, Lovecraft não escondia isso em suas histórias. O que Matt Ruff fez em seu livro foi reimaginar essas narrativas, colocando personagens pretas como suas protagonistas – assim como o racismo da década de 50.

Ao assistir à série, constantemente podemos nos questionar se o verdadeiro monstro da história é sobrenatural ou apenas uma faceta de relações sociais racistas.

Para ouvir neste Dia Internacional dos Direitos Humanos

Cara Pessoa (2020)

Podcast disponível nas principais plataformas de streaming de áudio.

Uma parceria entre a Folha de S. Paulo e a Conectas, o podcast Cara Pessoa se propõe a discutir os desafios dos direitos humanos na prática. A ideia é jogar luz em algumas percepções distorcidas sobre o tema – como o fato de 66% dos brasileiros acreditarem que direitos humanos beneficiam especialmente bandidos, e não todas as pessoas (dado da pesquisa Pulso Brasil, realizada em 2018 pelo Ipsos).

Oito dos dez episódios já estão disponíveis nas diversas plataformas de streaming de áudio, e em todos eles a narrativa tem o formato de cartas destinadas ao ouvinte, que ouve histórias de quem pensa direitos humanos e de quem luta por eles no dia a dia. No primeiro deles, a origem da ideia de direitos humanos é compartilhada, e já se discute por que aqui no Brasil esses direitos são reduzidos à defesa de determinados grupos sociais. Então, se você não puder ouvir todos os episódios, separa meia horinha do dia de hoje para conferir este primeiro!

Praia dos Ossos (2020)

Podcast disponível nas principais plataformas de streaming de áudio.

Praia dos Ossos é um podcast de oito episódios, sobre o assassinato de Ângela Diniz pelo então namorado, Doca Street, em dezembro de 1976. Mesmo confessando o crime, Doca foi visto por muita gente como uma vítima do caso, e Ângela, sua provocadora.

O podcast fala sobre o crime, o julgamento, a vida de Ângela Diniz, alguns outros casos de feminicídio, as mobilizações do movimento feminista. É uma história que reverbera até os dias de hoje, quando pensamos em casos de violência contra a mulher e culpabilização da vítima.

Para ler neste Dia Internacional dos Direitos Humanos

Redemoinho em dia quente (2019)

Publicado pelo selo Alfaguara, da Cia. das Letras, e disponível nos formatos físico e e-book em diversas livrarias.

Obra que recebeu o prêmio APCA de Literatura 2019, Redemoinho em dia quente é o primeiro livro de contos de Jarid Arraes, escritora nascida em Juazeiro do Norte (CE) e autora de mais de 70 títulos em Literatura de Cordel. A leitura foca nas mulheres da região do Cariri, no Ceará, e nos apresenta protagonistas diversas que nos levam para uma variedade de situações que permeiam questões de gênero, racismo, desigualdade social e violência, todas temáticas que envolvem direitos humanos. 

Somos suspeitas para falar, porque estes contos estiveram na nossa lista deste ano de leituras do Aurora Clube do Livro, e o encontro sobre Redemoinho em dia quente rendeu boas conversas. Esperamos que a leitura também desperte em você a empatia, o acolhimento e uma visão mais ampla, assim como despertou nas pessoas que participaram desse clube!

Para acompanhar a partir de hoje

Leituras Decoloniais (2020)

Projeto disponível no Catarse.

Leituras Decoloniais é um projeto desenvolvido por quatro curadoras e produtoras de conteúdo literário: Camilla Dias, Isa Souza, Maria Ferreira e Pétala Souza. Nele, são realizados ciclos de leituras coletivas, encontros e reflexões. 

Pensando no antirracismo como uma prática contínua, as leituras e as discussões do projeto abordam temas como raça, gênero e desigualdades sociais. Até o momento, os livros lidos foram Memórias da Plantação, de Grada Kilomba; Lélia Gonzalez, biografia escrita por Alex Ratts e Flávia Rios; e Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus.

“Acreditemos nos livros como ferramentas de transformação social”, diz o rodapé da página do projeto no Catarse. A gente acredita! E você?

Coding Rights

Acompanhe nas redes sociais.

De olho nas relações entre tecnologia e direitos humanos, a Coding Rights é uma organização brasileira que tem como missão “expor e desafiar tecnologias que reforcem assimetrias de poder, com foco nas desigualdades de gênero e suas interseccionalidades”. 

Entre suas últimas ações está uma pesquisa que foi lançada nesta semana sobre o Cadastro Base do Cidadão (CBC). Já ouviu falar dele? É uma base centralizada de dados pessoais da população brasileira, cujas informações poderão ser compartilhadas entre as diversas esferas do governo. Pois é! Um ano depois do lançamento desse cadastro pelo governo, a pesquisa faz uma análise de seu estágio de implementação e das inconsistências com a Lei Geral de Proteção de Dados.

Vale conferir de perto tudo o que a Coding Rights publica.

Bônus: para ouvir & assistir neste Dia Internacional dos Direitos Humanos

Emicida: AmarElo – É Tudo Pra Ontem (2020)

Documentário disponível na Netflix.

Assim que lançou (anteontem), a gente correu para assistir. AmarElo é, como o próprio Emicida diz: um experimento social. Um projeto que começou com o álbum lançado no fim de 2019, mas não terminou nele. Já teve podcast (AmarElo – O filme Invisível) em que o rapper mergulha nas referências que deram origem ao álbum, e agora tem este documentário, que não se limita a registros do show de lançamento do disco no Theatro Municipal de São Paulo.

Em AmarElo – É Tudo Pra Ontem, Emicida costura o contexto do show e sua história de vida com uma parte significativa – e invisibilizada – da história do Brasil, celebrando a cultura negra, em seu passado e presente. Vemos que todas as nossas histórias estão unidas, e não caminham sozinhas. AmarElo – É Tudo Pra Ontem é um encontro necessário nesse 2020, para afirmar a nossa humanidade comum. 

Gostou deste Aurora Sugere Especial Dia Internacional dos Direitos Humanos 2020? Se você acompanha o nosso trabalho e quer nos ajudar a transformar o amanhã, a ação começa hoje! Aproveite o dia e faça uma doação em nossa campanha: bit.ly/somosaurora_2021

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Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
Consultoria em promoção de diversidade
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Minha empresa quer doar

    Minha empresa quer doar
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    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.
    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.