O ODS 4 fala sobre o acesso a uma educação “inclusiva, equitativa e de qualidade”. Vamos entender o que isto significa e como o mundo tem trilhado o caminho para este Objetivo de Desenvolvimento Sustentável?

Por Instituto Aurora

(Foto: Franciele Correa)

Para cada 1% a mais de jovens nas escolas brasileiras, a taxa de homicídios cai 2% nos municípios. Este dado, levantado em estudo de 2016 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que a educação é um passo fundamental para a redução dos assassinatos no país. 

Você já tinha pensado nesta conexão? E que outras importantes mudanças sociais podem ser impulsionadas pela educação?

Uma associação comum está entre os anos de estudo e a renda de uma pessoa. Quanto mais tempo estudando, melhor será a remuneração como profissional. E essa ideia é real: segundo uma análise de 2018 realizada pelo Insper, um trabalhador com ensino superior completo recebe cerca de 5,7 vezes o rendimento de uma pessoa com até um ano de estudo aqui no Brasil.

Além de ser um elemento chave para que as pessoas consigam quebrar o ciclo da pobreza, a educação de qualidade também é um instrumento de emancipação e de empoderamento. Ela nos sensibiliza e nos conscientiza, nos tornando pessoas mais conectadas conosco, com os outros e com o mundo. 

Tanto que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – documento que regulamenta a prática da educação nas escolas brasileiras – é orientada por uma concepção de educação integral, pensando no desenvolvimento das crianças e dos jovens em todas as suas dimensões: intelectual, emocional, física, social e cultural.

Nestes poucos parágrafos, foi possível falar das relações da educação com a redução da violência, com a chance de melhores condições de emprego e com a criação de uma consciência transformadora. Com isso, quisemos mostrar o quanto a educação de qualidade é essencial para o progresso rumo a diversos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Justamente por isso ela também faz parte desta lista, configurando o ODS 4.

O que vamos abordar neste artigo:

Publicado em: 20/08/2020.

Sobre o ODS 4 e a busca pela educação de qualidade para todas as pessoas

Um ODS nunca está sozinho. Cada um dos 17 objetivos propostos na Agenda 2030 vem acompanhado de diversas metas. Criados em 2015, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU são um pacto global em busca da erradicação da pobreza e de uma vida digna para todas as pessoas.

Você pode entender melhor o que são estes objetivos em nosso texto ODS: o que esta sigla significa e como ela impacta o mundo hoje.

O ODS 4 fala sobre a necessidade de “assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos”. 

Entre suas metas, a serem cumpridas até 2030, estão:

  • Garantia de um ensino primário e secundário de qualidade para todas as meninas e meninos;
  • Acesso a um desenvolvimento de qualidade na primeira infância, que envolve cuidados e educação pré-escolar;
  • Igualdade no acesso à educação técnica, profissional e superior de qualidade, para todos os homens e as mulheres;
  • Aumento do número de jovens e adultos com habilidades e competências para trabalho decente e empreendedorismo;
  • Eliminação das disparidades de gênero na educação e também igualdade neste acesso para as pessoas mais vulneráveis;
  • Garantia de que todos os jovens e o maior número possível de adultos esteja alfabetizado e tenha conhecimento básico de matemática;
  • Educação para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade de gênero, promoção de uma cultura de paz e não-violência, cidadania global, e valorização da diversidade cultural;
  • Construção e melhora de instalações físicas para educação, proporcionando espaços de aprendizagem seguros, inclusivos e não violentos;
  • Ampliação do número de bolsas de estudo para países em desenvolvimento;
  • Aumento do número de professores qualificados, principalmente nos países em desenvolvimento.

Para uma leitura completa das metas relacionadas a este objetivo, acesse a página do ODS 4 no site da ONU!

Um olhar para estas metas mostra que o ODS 4 não está concentrado apenas em indicadores quantitativos, e que leva em consideração indicadores qualitativos, no caminho de uma educação que contempla o desenvolvimento humano. 

Porém, isso não significa que o acesso à educação – um indicador quantitativo – não seja central a este objetivo. Afinal, quando entendemos para quem a educação está longe de ser uma realidade, entendemos também as interseccionalidades entre os ODS e a importância da indivisibilidade da Agenda 2030.

Como está o acesso à educação no mundo

É inegável: há uma evolução mundial no acesso à educação. E esta evolução acontece também no Brasil. Dados de monitoramento das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostram que em 2014, quando o PNE começou a vigorar, 89,1% das crianças entre 4 e 5 anos estavam matriculadas, o que deixava 604 mil delas fora da pré-escola. Já em 2016, esse número caiu para 450 mil, e a porcentagem de crianças matriculadas foi para 91,5%. 

Apesar de avanços como este, quando nos voltamos para outros dados é possível compreender o quanto ainda precisa ser feito para que a educação de fato contemple todas as pessoas. Afinal, existem grupos que continuam sendo deixados para trás. 

Entre estes grupos, destacamos as mulheres e meninas. Segundo dados da ONU sobre o ODS 4, cerca de um terço dos países que se encontram em regiões em desenvolvimento não atingiram a paridade de gênero na educação primária. A Unesco levanta que 9 milhões de meninas em idade escolar nunca irão frequentar a escola, em comparação com 3 milhões de meninos. Destas meninas, 4 milhões vivem na África subsaariana.

Ou seja, quando falamos de acesso à educação, percebemos que também tem sido deixada para trás a parcela mais pobre da população. Ainda segundo a Unesco, cerca de 19% das crianças entre seis e 11 anos que vivem em países de baixa renda não frequentam a escola. Nos países de alta renda, essa porcentagem cai para 2%.

E entre as populações mais vulneráveis, metade das crianças em situação de refúgio não frequenta a escola no mundo: de 7,1 milhões, cerca de 3,7 milhões estão fora da sala de aula.

ODS 4 na perspectiva dos direitos humanos

Se a educação é um instrumento que emancipa, empodera e melhora a qualidade de vida das pessoas, podemos compreendê-la como peça-chave para que diversos direitos humanos sejam contemplados. Certo? 

Mais do que isso. A educação é, em si, um direito humano.

Está no Art. 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH): “todo ser humano tem direito à instrução”. Gratuita, nos graus elementares e fundamentais. Acessível a todos e todas, no nível técnico-profissional e superior. E, conforme o inciso 2 do artigo:

“A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais”. 

Notou as semelhanças entre o que está na DUDH e o próprio ODS 4?

Uma das metas deste ODS, que mostramos no tópico anterior, fala justamente sobre uma educação inclusiva, igualitária e que contemple os direitos humanos e uma cultura de paz.

Educação em direitos humanos: a conexão entre o trabalho do Instituto Aurora e o ODS 4

Aqui no Instituto Aurora, enxergamos a educação em direitos humanos como veículo para que as pessoas sejam despertadas para a nossa humanidade compartilhada. Pegando emprestadas as palavras da professora Maria Victoria Benevides, que estão em seu artigo Educação em Direitos Humanos: de que se trata?, a educação em direitos humanos é uma educação em valores, para atingir corações e mentes, e não apenas mera transmissão de conhecimentos. Educação voltada para uma mudança cultural.

Quando rompemos os tantos estereótipos associados ao termo direitos humanos, modificamos as lentes com as quais vemos o mundo, passando a enxergar as pessoas com mais empatia e deixando de lado a dualidade entre o eu e o outro. Afinal, somos todos sujeitos de direitos.

Quer conhecer melhor o nosso trabalho com educação em direitos humanos? Navegue pela seção Quem Somos aqui do site!

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Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
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Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
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A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
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Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
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Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
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Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
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Minha empresa quer doar

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    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.
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