Meio ambiente e qualidade de vida são alguns dos temas considerados emergenciais pelo Atlas das Juventudes. Com as eleições deste ano, o assunto é de grande importância e precisa ser trazido para o centro da discussão.
Por Gabriela Esmeraldino, para o Instituto Aurora
As eleições estão chegando e com isso dúvidas sobre o que levar em consideração na escolha do candidato. Além de direitos individuais, é necessário entender a importância de considerar os direitos coletivos na hora de votar. Nesse artigo vamos explicar um pouco da relação entre meio ambiente, qualidade de vida e eleições.
Meio ambiente e qualidade de vida
Os últimos anos foram marcados pela pandemia de COVID-19, cumulada com diversas catástrofes naturais que acompanhamos nas notícias, o que elevou as já crescentes discussões em relação às políticas ambientais.
Debates como desenvolvimento sustentável e responsabilidades governamentais sobre ações ambientais ganharam espaço, e são considerados tópicos importantes na hora de escolher em quem votar.
Para iniciar a questão é importante saber o que é o meio ambiente.
De forma geral e resumida, o meio ambiente é o ambiente que condiciona a vida. E tudo que nele está presente. Ele pode ser considerado natural, aquilo que não foi modificado pela ação humana; ou artificial, tudo aquilo que sofreu alteração promovida pelos humanos.
As definições englobam ainda conceitos de meio ambiente de trabalho, onde as pessoas vão para exercer suas profissões. E meio ambiente cultural, que está relacionado aos ambientes de acesso à cultura.
E se você acompanha o blog do Instituto Aurora, sabe que temos uma série de artigos sobre os ODS, que são Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que levam em consideração diversos fatores de educação, cultura, diversidade, etc. O que todos têm em comum é a necessidade de que esse desenvolvimento se dê de forma sustentável ao meio ambiente, porque há algum tempo isso tem sido uma pauta de extrema importância mundialmente. Não há como pensarmos em qualidade de vida sem nos voltarmos para questões ambientais.
No Brasil o Direito ao meio ambiente é reconhecido na Constituição Federal desde 1988:
“Art 125: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”
Cabe reparar que o dever previsto não é apenas a preservação pensando no agora, mas a GARANTIA para futuras gerações. Algo que ressaltamos ao falar de meio ambiente é de como é algo coletivo, que exerce influência no presente e no futuro, de nós que aqui estamos vivendo, e das próximas gerações.
Outro aspecto importante de refletirmos é sobre a dificuldade e barreiras de pensar em políticas realmente efetivas, de proteção ao meio ambiente, em um sistema que trata como infinito recursos naturais que são finitos. Essa exploração desmedida, visando lucro, tem gerado problemas ambientais constantes, com consequências atuais e a longo prazo.
Diversos estudos já mostraram que esse modo de viver pautado no lucro acima do meio ambiente é inviável. O aceleramento do aquecimento global, bem como o aumento de doenças, e a previsão de mais pandemias no futuro, se dá em decorrência da produção exacerbada de mercadorias e produtos desconsiderando os impactos ambientais.
Boa parte das campanhas que vemos são destinadas ao consumidor final, e embora condutas individuais de redução de consumo sejam importantes, é imprescindível pensar e cobrar políticas públicas para que sejam realizadas ações em grande escala e com maior impacto, inclusive levando em consideração políticas e compromissos internacionais.
O que precisamos pensar sobre esse tema na hora de escolher em quem votar?
E aí você pode se perguntar como a população, ou como você individualmente, pode mudar o cenário em larga escala. Uma das formas de exercer esse dever de proteção é a cobrança ao poder público, que tem início já no momento da escolha do voto, e da análise de planos e políticas ambientais.
Votar é um direito individual, que engloba também a possibilidade de não escolher diretamente nenhum candidato. E nesse ponto, é importante lembrar que no sistema eleitoral brasileiro votos nulos e brancos não são computados. E isso quer dizer que a escolha por não votar coloca nas mãos de outras pessoas a decisão do próximo governante.
Talvez essas pessoas votem em ideias que você não concorda, como aconteceu nas últimas eleições para presidente, em que tivemos um grande número de abstenção porque muitas pessoas não quiseram escolher “um lado”. Então, não votar também é se posicionar pela aceitação de algum candidato.
Porém, mesmo sendo um direito individual, o voto tem impacto social e coletivo, portanto ao pensar no voto é importante analisar os planos eleitorais considerando também a coletividade.
Para pensar em qualquer política social é necessário pensar nas políticas ambientais, para mudar o mundo é preciso que o mundo continue existindo, e a única forma de isso acontecer é levando a sério a proteção ao meio ambiente, repensando formas de consumo e repensando políticas ambientais.
Nos últimos anos temos visto no Brasil os perigos de políticas que desconsideram o meio ambiente, e estamos presenciando um retrocesso das políticas ambientais em detrimento do lucro, além de o Brasil estar indo na contra-mão da maior parte dos países do mundo, que tem discutido e implementado cada vez mais políticas ambientais.
E é bastante triste que um país de tamanho continental como o Brasil, e com grande variedade de recursos naturais, de fauna e flora, esteja tão pouco preocupado com a proteção.
Tá, mas e aí, como escolher?
Primeiro, antes de votar LEIA os planos dos candidatos e analise se o que está sendo prometido é viável, e principalmente, se o próprio candidato consegue explicar como e o quê será feito. Não caia em promessas infundadas e genéricas do tipo “sim, vamos cuidar do meio ambiente”, procure saber como esse cuidado vai ocorrer. Essa dica vale não só para o meio ambiente, mas para todas as outras pautas que devem ser consideradas na hora do voto.
Verifique os projetos que o candidato engaja. Caso já tenha ocupado outros cargos, como eram os votos em relação às pautas ambientais, e também o que o candidato costuma falar sobre o meio ambiente em discursos e debates.
E pra dar uma ajudinha, você pode acompanhar o projeto “Meu, Seu, Nosso Voto”, promovido pelo Instituto Aurora em parceria com a Nossa Causa e a Escola de Política. Uma das frentes do projeto é o podcast Nosso Voto, que traz para discussão temas apontados como emergenciais pelo Atlas das Juventudes. No episódio sobre Meio Ambiente e Qualidade de Vida, a conversa foi com Beatriz Pagy, do Clima de Eleição, e Samela Sateré Mawé, indígena do povo Sateré Mawé, e ativista do Fridays for Future Brasil, APIB e ANMIGA.