O machismo, comportamento de favorecer o gênero masculino em relação ao feminino, está presente em diversas esferas da nossa sociedade: nas relações familiares, no ambiente de trabalho, no espaço público e nos espaços de poder.

Por Fernanda Sater, para o Instituto Aurora

(Foto: Mayumi Maciel / Instituto Aurora)

O machismo traz reflexos no dia a dia de todas as pessoas em nossa sociedade, em atitudes e comportamentos nos diferentes tipos de relações. É necessário entender suas manifestações e fazer um esforço conjunto, para que seja possível superar esse problema.

O que vamos ver neste artigo:

Publicado em 26/02/2025.

O que é machismo?

O machismo pode ser definido como um comportamento que recusa a igualdade entre os gêneros, favorecendo o gênero masculino em desfavor do feminino. E o comportamento machista pode se manifestar por opiniões ou atitudes, partindo tanto de homens quanto de mulheres, de forma intencional ou não.

Uma sociedade machista é aquela que apresenta diversos problemas quanto à igualdade de gênero, como, por exemplo, diferença salarial entre homens e mulheres, elevados índices de violências contra as mulheres, (não) divisão das tarefas domésticas, entre outros.

Machismo no Brasil e no mundo

O machismo apresenta consequências para todas as pessoas, em países de todo o mundo. 

No Brasil, apesar da Constituição Federal prever a igualdade entre homens e mulheres (artigo 5º, inciso I, CF/88: “Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição”), ainda há inúmeras desigualdades a serem superadas pela sociedade.

No mercado de trabalho, há desigualdade salarial entre os gêneros, na medida em que as mulheres têm remuneração, em média, 17% menor que a dos homens, além de ganharem menos que eles em 82% das áreas de atuação, conforme pesquisa realizada em 357 setores, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE

Não bastasse isso, observa-se que o índice de violências contra as mulheres no Brasil é elevadíssimo, se comparado ao restante do mundo, sendo o Brasil o 5º país, num grupo de 83, com maiores taxas de homicídios contra mulheres no mundo, segundo o Mapa da Violência 2015 (elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais – Flacso, com o apoio do escritório no Brasil da ONU Mulheres, da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde  – OPAS/OMS e da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres -SPM do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos).

Ainda, segundo dados da Organização Mundial da Saúde – OMS, ao longo da vida, uma em cada três mulheres  – cerca de 736 milhões de pessoas -, é submetida à violência física ou sexual por parte de seu parceiro ou violência sexual por parte de um não parceiro.

Assim, a partir de dados estatísticos, observa-se que o machismo repercute no mercado de trabalho, além de estar relacionado aos elevados índices de violência contra as mulheres no Brasil e no mundo, razão pela qual deve ser superado pelas pessoas, em atitudes no dia a dia. 

Exemplos de atitudes machistas

As atitudes machistas estão presentes em situações do cotidiano, nos diversos aspectos da vida, e, como exemplo, podem ser citadas as seguintes:

Na família:

  • Tratar de forma diferente os meninos e as meninas;
  • Achar que só as mulheres devem fazer os serviços domésticos;

No trabalho:

  • Tratar de forma diferente os colegas homens e as colegas mulheres;
  • Achar que as mulheres são menos capazes que os homens;

Na rua:

  • Acreditar que motoristas mulheres dirigem pior que motoristas homens;
  • Julgar a vestimenta das mulheres; 
  • Objetificar e sexualizar o corpo feminino, dentre outras.

Esses são apenas alguns exemplos de atitudes machistas, que nenhuma pessoa está imune a praticar, ainda que de forma inconsciente, seja no ambiente familiar, profissional ou público. Por isso, é muito importante que estejamos sempre vigilantes e atentos às nossas atitudes, a fim de não reproduzir pensamentos e atitudes machistas. E, se acontecer, conseguir reconhecer, pedir desculpas e procurar evoluir sempre!

Quais as consequências do machismo?

O machismo é prejudicial não só para as mulheres, mas também para os homens. Isso porque há décadas reproduzimos – muitas vezes sem nos darmos conta disso! -, os papéis sociais, baseados em estereótipos de gênero, que consistem naquilo que a sociedade espera de nós: um conjunto de expectativas, normas e pressões culturais associadas a um gênero específico (masculino ou feminino).

Assim como das mulheres, também se exige dos homens determinados comportamentos, como por exemplo, não chorar, não demonstrar fraqueza e vulnerabilidades, entre outros. E isso se reproduz até mesmo no âmbito profissional, contribuindo para a divisão sexual do trabalho, em que muitos homens ocupam posições de chefia dentro das empresas e com maiores salários que as mulheres.

Nesse contexto, importante reforçar que o feminismo não é o oposto do machismo, como muitos fazem crer, no sentido de que feministas querem oprimir os homens. Pelo contrário, o feminismo é um movimento plural, social e político que tem como objetivo a construção de uma sociedade com igualdade entre os gêneros

Como o machismo está ligado a extremismos?

A partir dos dados apresentados acima, observa-se que o machismo está na origem da desigualdade de gênero, que leva a graves problemas sociais como, por exemplo, a violência perpetrada contra as mulheres, nas suas variadas formas (física, psicológica, sexual, moral e patrimonial). 

O feminicídio (homicídio praticado contra a mulher por razões da condição do sexo feminino) é o grau máximo de violência contra a mulher, sendo o Brasil o 5º país que mais mata mulheres no mundo, conforme acima mencionado.

Além disso, a cultura machista está diretamente relacionada a extremismos e a ascensão ao poder de governos de extrema direita, o que é bastante arriscado para grupos vulnerabilizados (mulheres, crianças e adolescentes, idosos, pessoas com deficiência, pessoas LGBTQIA+, entre outras).

Como superar o machismo?

Acreditamos que o fim do machismo está também no nosso dia a dia e, na prática, a superação do machismo pode iniciar no micro, dentro das nossas casas, com as nossas famílias, e no convívio social, por meio de atitudes simples, como por exemplo: 

  • Dividir os afazeres domésticos e não deixar que as tarefas domésticas sejam responsabilidade apenas das mulheres e meninas da casa;
  • Ajudar mulheres em situação de violência, seja no ambiente doméstico ou no mercado de trabalho;
  • Repreender atitudes e pessoas machistas no seu círculo social e familiar;
  • Respeitar as escolhas pessoais e profissionais das mulheres, sem julgamentos;
  • Educar as crianças (meninas e meninos!) para não reproduzirem pensamentos e comportamentos machistas, evitando, assim, que se tornem pessoas adultas com essas atitudes, etc.

Esses são alguns passos simples a serem dados no caminho pela igualdade de gênero.

Educação em Direitos Humanos para prevenir extremismos

Também acreditamos que a prevenção dos extremismos requer ampla divulgação e conhecimento sobre esses temas, que devem ser apresentados a todas as pessoas de forma facilitada e desde tenra idade. Só assim chegaremos à verdadeira igualdade entre homens e mulheres.

Nesse sentido, o Instituto Aurora tem como objetivo global a Educação em Direitos Humanos, que tem como um de seus pilares a igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas. Se quiser aprender mais sobre o tema e entender como superar o machismo e outras manifestações de discurso de ódio e extremismo, conheça o projeto (Re)conectar.

Ainda, reiteramos aqui a nossa indicação de cinco livros sobre feminismo que todas as pessoas deveriam ler, que traduzem verdadeiramente o movimento feminista, nas suas variadas vertentes. Acrescentando como sugestão de leitura o livro “Guia prático antimachismo: para pessoas de todos os gêneros”, da Ruth Manus (Rio de Janeiro: Sextante, 2022.), que aborda o machismo de uma forma bastante didática.

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Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
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A vitória é de quem?
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Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
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Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
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    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.
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