Por muito tempo o feminismo foi um movimento estigmatizado, considerado contrário aos homens, a Deus e à natureza. Contudo, vamos desmistificar esses estereótipos e apresentar a vocês livros que traduzem verdadeiramente o movimento feminista, em variadas vertentes. Por isso, te convidamos a abrir a mente e conhecer um pouco mais sobre esse tema tão relevante para a história dos direitos das mulheres e dos direitos humanos, como um todo. Veja algumas indicações de livros sobre feminismo.

Por Gabriela de Lucca, para o Instituto Aurora

(Foto: Luiz Dorabiato)

Antes de adentrar aos livros propriamente ditos, gostaríamos de explicar, rapidamente, o que é o feminismo. Para tanto, utilizaremos um conceito simples, porém certeiro, criado pela escritora bell hooks: “feminismo é um movimento para acabar com sexismo, exploração sexista e opressão”.

Por meio dessa simples definição podemos perceber que o movimento feminista sempre almejou o reconhecimento de direitos e da igualdade, seja no trabalho, no voto ou no ambiente familiar. A luta feminista nunca foi contra os homens, mas sim contra a estrutura patriarcal e sexista, que colocava a figura feminina sempre em um lugar de submissão.

É importante ressaltar, ainda, que não há qualquer impedimento de homens participarem e conhecerem os movimentos feministas. Na verdade, é de extrema importância que o movimento seja apresentado de forma realista aos homens, desde tenra idade, para que se alcance o objetivo de se acabar com o sexismo e com a opressão.

Feita essa breve contextualização, apresentaremos, hoje, 5 livros sobre o movimento feminista, com o objetivo é trazer uma perspectiva feminista plural. Abrir esse espaço para que se conheça o trabalho de mulheres com diferentes origens e vivências é extremamente enriquecedor e fundamental para que tenhamos a noção de que o movimento feminista não é homogêneo e tangencia com outras questões de igual importância, tais como raça e classe. 

Assim, sem mais delongas, vamos aos livros.

Livros sobre feminismo

Capa do livro Lugar de Fala, de Djamila Ribeiro

Lugar De Fala – Djamila Ribeiro

Djamila Taís Ribeiro dos Santos é mestre em Filosofia Política pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), feminista negra, escritora e colunista do jornal Folha de S. Paulo. Dentre as obras da autora, destacam-se: “Lugar de fala”; “Quem tem medo do feminismo negro?”; e “Pequeno manual antirracista”.

Escolhemos comentar um pouco sobre o livro “Lugar de fala”. Segundo Djamila Ribeiro, todas as pessoas possuem lugares de fala dentro de sua localização social. Com isso, a autora desconstrói a ideia de universalismo, e identifica as vivências específicas dos indivíduos a partir da posição social que ocupa. Dessa forma, a experiência vivida por uma mulher branca não será a mesma daquela vivida por uma mulher negra em uma sociedade patriarcal racista, por exemplo.

A partir dessa contextualização realizada pela autora, percebemos que o lugar de fala diz muito mais sobre a capacidade de escuta por parte de quem sempre foi autorizado a falar, do que sobre o discurso em si. Nesse sentido, é essencial que indivíduos pertencentes a grupos sociais privilegiados reconheçam a existência das hierarquias produzidas a partir do lugar em que se encontram e como ela impacta na constituição e silenciamento dos grupos subalternizados. 

Djamila Ribeiro ressalta, assim, a importância de reconhecermos que partimos de lugares diferentes, e, por isso, experienciamos o gênero de modo distinto. Fechar os olhos para isso seria legitimar um discurso excludente, que impede que outras formas de ser mulher sejam vistas e, consequentemente, libertadas das opressões a que são submetidas. 

É importante explicitar que a autora valida a importância da experiência de todos e todas, mas seu foco é tentar entender as condições sociais que constituem o grupo do qual certa pessoa faz parte e quais são as experiências que ela compartilha ainda como grupo. Segundo Djamila Ribeiro, reduzir a teoria do lugar de fala somente às vivências seria um erro, uma vez que tal estudo diz, especialmente, sobre como as opressões estruturais impedem que indivíduos de certos grupos tenham direito à fala e, ao fim, direito à própria humanidade.

Capa do livro O Feminismo é para todo mundo, de bell hooks

O Feminismo É Para Todo Mundo – bell hooks

Gloria Jean Watkins, mais conhecida pelo pseudônimo bell hooks, foi uma professora, teórica feminista, ativista antirracista e escritora estadunidense. Sua obra também traz à tona a interseccionalidade entre raça, capitalismo e gênero, e a capacidade dessa estrutura opressiva em reproduzir e perpetuar a dominação de classe.

Já no início a autora expõe que seu objetivo, com tal livro, é levar o movimento feminista às pessoas, mostrando-o como realmente é, sem mitos e estigmas. Para isso, a autora cria uma definição simples. Segundo ela, “feminismo é um movimento para acabar com sexismo, exploração sexista e opressão.”

De acordo com a autora, a conscientização feminista começou em grupos pequenos de conversa entre mulheres, que buscavam uma compreensão sobre a natureza do patriarcado e da dominação masculina. Foi a partir desses grupos que, posteriormente, o pensamento feminista começou a ser teorizado e alcançou maior audiência.

Segundo bell hooks, se tivesse havido ênfase em grupos para homens, que ensinassem garotos e homens sobre o que é sexismo e como ele pode ser transformado, teria sido impossível a formação de um movimento antifeminista. A ausência de conversa sobre esse tema por homens e o desinteresse em se criar um movimento educacional para ensinar todo mundo sobre o feminismo, permitiu que a mídia de massa patriarcal explorasse uma imagem negativa do movimento. 

Assim, ao longo do livro a autora vai trabalhando o feminismo e sua relação com outros temas, tais quais a educação, a saúde, os direitos reprodutivos, a classe social, o trabalho, a raça, a violência, maternidade e tantos outros, justamente com o objetivo de aproximar das pessoas o movimento feminista.

Para bell hooks, a disseminação do conhecimento feminista encontra sua base na solidariedade, na sororidade e na mudança social que desafia o elitismo e possibilita a visualização de um novo mundo, em que recursos são compartilhados e oportunidades para crescimento pessoal são abundantes para todo mundo.

Capa do livro Sejamos todos feministas, de Chimamanda Ngozi Adichie

Sejamos Todos Feministas – Chimamanda Ngozie Adichie

Chimamanda Ngozi Adichie é uma feminista e escritora nigeriana, formada em comunicação e ciências políticas. Em 2012, Adichie realizou uma palestra no TEDxEuston intitulada “Sejamos todos feministas”. Diante do sucesso alcançado, seu discurso foi transformado em livro com o mesmo nome, publicado em 2014.

Escrito de forma leve, o livro inicia com experiências pessoais da autora como mulher feminista. Segundo ela, na adolescência foi chamada, pela primeira vez, de feminista por seu melhor amigo. Na ocasião, Adichie já percebeu que, ao dizer aquilo, ele não estava tentando elogiá-la. Alguns anos se passaram e a mesma situação voltou a ocorrer. Um jornalista nigeriano deu o seguinte conselho à autora: “nunca se intitule feminista, já que as feministas são mulheres infelizes que não conseguem arranjar marido”. 

As experiências da autora não pararam por aí. Certa vez, uma professora afirmou que ser feminista era ser antiafricana, pois tal conceito não estava incorporado na cultura africana. Depois disso, uma amiga ainda lhe disse que, se ela era feminista, então devia odiar os homens.

A partir de então, Chimamanda Ngozi Adichie passou a definir-se como uma “feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens”. A ilustração da autora demonstra, com senso de humor, como a palavra “feminista” ainda tem uma carga pejorativa.

Segundo Adichie, a questão de gênero é importante em qualquer canto do mundo, e essa discussão é essencial para construir um mundo mais justo. Para começar essa mudança, a autora entende ser necessário alterar a forma como criamos nossos filhos e filhas, permitindo aos meninos demonstrarem seus medos e vulnerabilidades, e às meninas que demonstrem seus sucessos e ambições. O problema da questão de gênero é, em suas palavras, que ela prescreve como devemos ser em vez de reconhecer quem somos. Assim, sendo esse um problema, temos todos, homens e mulheres, que lutar para solucioná-lo e tornar o mundo melhor para todos. 

Capa de Mulheres, raça e classe, de Angela Davis

Mulheres, Raça e Classe – Angela Davis

Angela Davis é uma renomada filósofa negra estadunidense, que integrou várias organizações políticas em defesa dos direitos civis da população negra e da libertação das mulheres negras. Além de filósofa e escritora, Davis também é professora emérita do Departamento de Estudos Feministas da Universidade da Califórnia.

No livro “Mulheres, raça e classe”, Angela Davis articula o racismo, sexismo e a exploração capitalista na sociedade estadunidense. Para tanto, a autora começa com uma análise do sistema escravista e como ele estabeleceu um padrão que é reproduzido até hoje na vida das mulheres negras, notadamente em suas relações de trabalho e em situações de abusos sexuais. 

A autora conta que, durante a história, o movimento abolicionista e feminista andaram juntos pela libertação. Apesar disso, ela relata um fracasso em promover uma ampla conscientização antirracista, inclusive dentro do próprio movimento feminista.

No decorrer da leitura, a autora aborda temas, tais quais: as tensões durante o movimento sufragista americano, principalmente quanto ao reconhecimento do voto feminino; encarceramento em massa da população negra; trabalho doméstico; direitos reprodutivos; entre outros. Apesar da diversidade entre os temas, o ponto comum na abordagem de Davis é, sempre, a mulher negra. 

Este livro talvez seja o mais denso dentre os apresentados até aqui, porém é um clássico para o estudo do movimento feminista, sendo de leitura obrigatória para aqueles que queiram se aprofundar nas questões relativas ao feminismo, racismo e classe social. 

Capa do livro Por um feminismo afro-latino-americano, de Lélia Gonzalez

Por Um Feminismo Afro-Latino-Americano – Lélia Gonzalez

Lélia Gonzalez, filósofa, antropóloga e professora brasileira, teve como tema principal de trabalho o racismo estrutural e o feminismo negro. A autora foi pioneira nos estudos sobre Cultura Negra no Brasil e co-fundadora do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras do Rio de Janeiro (IPCN-RJ), do Movimento Negro Unificado (MNU) e do Olodum.

O livro “Por um feminismo afro-latino-americano” é um compilado de textos da autora Lélia Gonzalez divididos em: ensaios, intervenções e diálogos. Ao longo dos textos a autora traz diversas problemáticas acerca de como se desenvolveu o capitalismo no Brasil, da escravidão no país, do racismo estrutural e da mulher negra a partir desse histórico. A perspectiva da autora tem como base, ainda, a psicanálise, tendo como referência principal a teoria lacaniana.

Em relação à situação da mulher latina-americana, a autora cita categorias da teoria lacaniana para demonstrar como mulheres não brancas são convocadas, definidas e classificadas por um sistema ideológico de dominação que as infantiliza. 

Em todo trabalho, Lélia Gonzalez enfatiza a dimensão racial na percepção e compreensão da situação das mulheres não brancas, especialmente no que diz respeito à exclusão de mulheres negras e indígenas na América Latina. 

O livro, como um todo, é de fundamental importância para tomarmos conhecimento de uma história não contada nas escolas, que traz a problemática racial como protagonista e demonstra que a suposta “democracia racial” vigente no Brasil não passa de um mito.

Entender o feminismo para alcançar a igualdade de gênero

Todos os livros apresentados têm em comum um feminismo real, que derruba os estereótipos criados por uma sociedade que não tem interesse que esse conteúdo seja divulgado em massa. Não precisamos ir muito longe para perceber o quanto as pessoas distorcem questões de gênero e feminismo e não aceitam que esse tipo de conhecimento faça parte da educação formal no país.

Nós, no entanto, acreditamos que o fim do machismo, sexismo e racismo está justamente no conhecimento amplo sobre esses temas, que deve ser apresentado a todas as pessoas de forma facilitada e desde tenra idade. Só assim chegaremos à verdadeira igualdade.

Por isso, o Instituto Aurora tem como objetivo global a educação em Direitos Humanos, que tem como um de seus pilares a igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas. Assim, se você compartilha desse interesse, conheça mais nosso trabalho na área “Quem somos”.

Algumas referências que usamos neste artigo

RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento; 2017. (Feminismos plurais).

HOOKS, Bell. O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras. 1 ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2018. E-book

ADICHIE, C. Ngozi. Sejamos todos feministas. Baum, Christina. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. 63

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. Candiani, Heci Regina. São Paulo: Boitempo, 2016. 244p

GONZALEZ, Lélia. 2020. Por um Feminismo Afro-Latino-Americano: Ensaios, Intervenções e Diálogos . Rio Janeiro: Zahar. 375 pp.

Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
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Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
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A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
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Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
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Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
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Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
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Minha empresa quer doar

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    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.
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