A arte é uma forma de estar em contato com experiências de vida plurais e diversas. Conhecer outras histórias também é uma forma de se educar, informar e conscientizar, ajudando a diminuir preconceitos. Neste artigo, listamos algumas cantoras negras brasileiras que trazem mensagens importantes em suas músicas.

Por Mayumi Maciel, para o Instituto Aurora

As mulheres não são um grupo homogêneo e são atravessadas por outras questões que influenciam em suas vivências. O Brasil, por exemplo, aderiu a uma campanha internacional contra a violência à mulher. Internacionalmente, essa campanha é conhecida como 16 dias de ativismo, iniciando em 25 de novembro, Dia Internacional de Luta Contra a Violência à Mulher, e encerrando em 10 de dezembro, Dia Internacional de Direitos Humanos. Por aqui, os 16 dias viraram 21 dias de ativismo, iniciando mais cedo, em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra.

Assim, este é um período que pode ser usado para se educar, informar e conscientizar. Afinal, se as mulheres são diferentes entre si, suas dores também são, e as violências que sofrem são diferentes. Por isso, vemos a importância de estarmos em contato com mulheres plurais e diversas, e uma forma é por meio da arte.

Listamos aqui algumas cantoras negras brasileiras atuais, que trazem mensagens importantes em suas músicas. Sabemos que muitos nomes ficaram de fora, então deixamos o incentivo para pesquisar outras artistas e ampliar seu repertório.

Atualizado em 22/09/2023. Publicado em 16/11/2022.

Cantoras negras brasileiras

A cantora Bia Ferreira

Bia Ferreira

Bia Ferreira é cantora, compositora e multi-instrumentista, tendo se destacado com a música “Cota não é esmola”, em que fala sobre a importância das cotas raciais para que a população negra tenha acesso à universidade. Em suas músicas, a artista aborda questões raciais, de gênero e LGBTfobia, trazendo também suas vivências pessoais.

A cantora Drik Barbosa

Drik Barbosa

A cantora, compositora e rapper Drik Barbosa tem um álbum de estúdio, que leva seu nome, além de diversos singles e parcerias com outros artistas. “Herança”, primeira música do álbum, traz lembranças de sua infância, enquanto “Rosas” aborda o machismo e preconceito existentes em nossa sociedade.

A cantora Ellen Oléria

Ellen Oléria

A cantora, compositora e atriz Ellen Oléria tem três álbuns solo lançados. O disco “Afrofuturista” é inspirado no movimento afrofuturismo, que a própria artista descreve em seu site: “[…] o afrofuturismo explora um novo futuro para a raça negra, focando produções já presentes no imaginário negro no grafite, na arte gráfica, na música, principalmente eletrônica. Mas não é essa música eletrônica como produto que me interessa, mas sim como poderemos utilizar os recursos tecnológicos de produção de som sem abandonar os elementos mais orgânicos da nossa música tradicional. Ao ressignificar esse som (timbres, interferir nos grooves…), ressignificamos o mundo”.

Graça Cunha

Graça Cunha tem mais de 30 anos de carreira, tendo iniciado em 1993 como solista no musical “Noturno”, de Oswaldo Montenegro. Participou de álbuns de artistas nacionais e coletâneas lançadas no Brasil e exterior, esteve em trilhas de documentários e integrou, entre setembro de 2005 a janeiro de 2016, a banda do Programa “Altas Horas”, esteve em musicais, entre outros. Lançou seu primeiro CD solo, “De Virada”, em 2007, tendo sido indicada a duas categorias do Grammy Latino. “Tiro de letra”, seu segundo álbum, foi lançado em 2011.

A cantora Iza

IZA

IZA lançou seu primeiro álbum, “Dona de Mim”, em 2018. Em 2020, entrou na lista de 100 pessoas negras mais influentes do mundo, em premiação reconhecida pela ONU, aparecendo na categoria de mídia e cultura. Também foi eleita, em 2021, como uma das “líderes da próxima geração” pela revista “Time”, e no mesmo ano foi apontada como a celebridade mais influente do Brasil pelo Instituto Ipsos. No Instituto Aurora, já usamos a música “Quem sabe sou eu” como parte de uma atividade realizada com mulheres.

A cantora Larissa Luz

Larissa Luz

A cantora, compositora e atriz Larissa Luz já foi indicada ao Grammy Latino, em 2016, na categoria Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa, com “Território Conquistado”. A artista aborda temas de representatividade negra em suas músicas, como em “Bonecas Pretas”, “Trança” e “Letras Negras”.

A cantora Luciane Dom

Luciane Dom

A cantora e compositora Luciane Dom lançou seu primeiro álbum, “Liberte esse Banzo”, em 2018. Suas músicas falam sobre justiça racial, reconhecimento da identidade negra e empoderamento. Seu mais recente single é “Pode ser às 10”, em que fala sobre amor e afeto.

A cantora Luedji Luna

Luedji Luna

A cantora e compositora Luedji Luna tem dois álbuns de estúdio lançados: “Um corpo no mundo” e “Bom mesmo é estar debaixo d’água”. Em novembro de 2022, a artista lança uma versão deluxe do último projeto, com dez músicas inéditas. Luedji Luna fala sobre temas como questões raciais e de gênero e empoderamento feminino.

A cantora MC Soffia

MC Soffia

A jovem cantora, compositora e rapper MC Soffia sempre trouxe em suas letras temas que passam pelo machismo, racismo e desigualdade social. No single “Menina Pretinha”, de 2016, ela já trazia mensagens de empoderamento: “Menina pretinha, exótica não é linda / Você não é bonitinha / Você é uma rainha”.

A cantora Nara Couto

Nara Couto

A cantora, compositora e dançarina Nara Couto tem dois álbuns lançados: “Contipurânia” e “Retinta”. Enquanto “Contipurânia” remete mais à ancestralidade e traz, em seu próprio nome, uma provocação de resistência linguística de línguas africanas, “Retinta” traz o afeto como uma ferramenta política.

A cantora Tássia Reis

Tássia Reis

A cantora e compositora Tássia Reis lançou seu primeiro álbum, “Próspera”, apoiada pelo Natura Musical, em 2019. Sua vivência como uma mulher negra aparece em músicas como “Preta D+” em que diz “Vocês me disseram que não poderiam me contratar / Porque minha aparência divergia do padrão” e finaliza com “Eu sou preta, preta e também sou demais”.

A arte para educar em Direitos Humanos

No Instituto Aurora, usamos a arte como uma importante ferramenta na nossa missão de educar em Direitos Humanos. Músicas, poesias, vídeos e outras expressões artísticas estão presentes em várias de nossas atividades e projetos, ajudando a sensibilizar sobre diferentes temas e permitindo que os participantes possam se colocar, de certa forma, no local do outro, compreendendo sua vivência e história.

Saiba mais sobre a nossa visão e como atuamos para a redução de desigualdades.

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Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
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Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
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A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
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Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
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Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
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Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
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Minha empresa quer doar

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    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.
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