Os 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres são uma campanha de conscientização, engajamento e mobilização para falar sobre o tema. Entenda a importância desse movimento e conheça algumas iniciativas que já foram realizadas pelo Instituto Aurora.

Por Gabriela Esmeraldino, para o Instituto Aurora

(Foto: Barbara Vanzo)

Os 21 dias de ativismo, como conhecemos no Brasil, tiveram início junto com o cenário internacional de 16 dias de ativismo, período que inicia em 25 de novembro, no Dia Internacional de Luta Contra a Violência à Mulher, e vai até 10 de dezembro, no Dia Internacional de Direitos Humanos. Mas, por aqui, incluímos o dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, entendendo que mulheres negras sofrem violência tanto por serem mulheres como pelo racismo, e assim aqui no Brasil os 16 dias viraram 21. 

O período teve início em 1991 com 23 mulheres ativistas do Instituto de Liderança Global das Mulheres. O objetivo é a disseminação de informação e incentivo para que organizações façam campanhas de conscientização, se engajem e se mobilizem para falar sobre violência contra a mulher. A ONU incentiva, por meio do “UNA-SE pelo fim da violência contra as mulheres até 2030”, que ações globais sejam efetuadas.

Violência contra a mulher no Brasil

Além da importância global para que se fale sobre o assunto, no Brasil é ainda mais urgente que as organizações se engajem para abordar o tema. O país há anos aparece nos primeiros lugares em rankings de violência de gênero, e as estatísticas são cada vez mais preocupantes. Nós já abordamos o assunto várias vezes aqui no Instituto Aurora, como é possível ver na seção de Igualdade de Gênero – ODS 5 no blog.

E mais, é importante que os homens busquem participar desses diálogos. Embora a união entre as mulheres, principalmente para reconhecer violências e buscar rede de apoio, seja de extrema importância, não é suficiente que esse diálogo ocorra apenas com as vítimas. É necessário que os homens também entendam como o machismo atua na estrutura da criação masculina, qual o papel deles nesse sistema e como buscar sair da lógica machista e patriarcal. Mesmo que seja um trabalho longo e contínuo, é necessário que ocorra para que haja esperança de um futuro menos violento para mulheres. Falamos sobre isso também no artigo “Filmes para estimular o diálogo sobre masculinidades afetivas nas empresas”.

O Instituto Aurora e os 21 Dias de Ativismo

Desde 2018, o Instituto Aurora se preocupa em promover atividades de acordo com as pautas dos 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres. As atividades podem ser conferidas nas redes sociais e aqui no próprio site. Algumas ações que já realizamos foram:

Em 2018, o Instituto Aurora organizou uma exibição especial do Cinema na Praça, em parceria com o Sesc Paço da Liberdade. Foi feita uma sessão do documentário “Chega de Fiu Fiu”, dirigido por Fernanda Frazão, Amanda Kamanchek, Juliane Lemes, Lucas Kazuda e Camila Biau. Na obra, que faz parte de uma campanha da Think Olga, mulheres contam histórias reais de assédio que viveram e vivem constantemente.

No mesmo ano também foi realizada a Oficina de Bordado “Histórias por um fio”, no vão livre do Museu Oscar Niemeyer. Enquanto bordavam, as participantes dialogavam sobre empoderamento e direitos das mulheres.

E ainda tivemos o lançamento do primeiro documentário do Instituto Aurora, “Eu Vejo Flores”, que fala sobre a violência de gênero no sistema carcerário. O evento de lançamento contou com a presença de Elizandra Coelho, que vivenciou o cárcere e pôde falar sobre a violência pelo olhar de quem presenciou isso na prática. Além dela, compareceu também Priscila Placha Sá, especialista em Direito Penal que pôde abordar os aspectos técnicos do cárcere. As duas também contribuíram com depoimentos no documentário.

Já em 2019, uma das ações envolvendo cinema aconteceu no Cine Passeio e o filme exibido foi “O Silêncio dos Homens”, documentário produzido pelo Papo de Homem, que gerou um estudo nacional com mais de 40.000 pessoas, contando com o apoio institucional da ONU Mulheres. O documentário aborda a questão da masculinidade e promove reflexão sobre como o machismo se impõe sobre homens e meninos gerando o silenciamento que é raiz dos problemas de gênero e violência contra mulheres. Após a exibição do filme, aconteceu uma roda de conversa sobre o tema. 

Ainda relacionado a cinema, houve a exibição do documentário “Slam: Voz do Levante”, dirigido por Tatiana Lohmann e Roberta Estrela D’Alva, no IFPR Campus Curitiba. A obra apresenta a história do Slam e a sua importância para a livre expressão. Na quebra do elitismo normalmente associado à poesia, o Slam é poesia política, muito presente nas periferias e que vem cada vez mais ocupando espaço. É uma ferramenta que ecoa a voz da população negra, e que é largamente utilizado por mulheres negras para falarem sobre as opressões e violências sofridas.

Além do cinema, também contamos com uma ação na Escola Estadual Maria Gai Grendel. Uma das atividades envolveu a leitura do conto “A moça tecelã”, de Marina Colasanti, seguida de diálogo com os estudantes, estabelecendo paralelo com a realidade e falando sobre violência, denúncia, rede de apoio e relacionamentos saudáveis. Durante a conversa, os alunos fizeram uma oficina com mini tear, tornando a atividade mais lúdica, fazendo relação com o conto e reforçando a arte como uma ferramenta para educar em Direitos Humanos. Houve ainda a participação da Fafá Conta, contando a história de Maria da Penha e da Moça Tecelã para algumas turmas da escola.

Tanto em 2019 quanto em 2020, a última leitura do ano de nosso Clube do Livro foi escolhida pensando em fomentar diálogo sobre o tema da violência contra as mulheres. Em 2019, a obra lida foi “Outros jeitos de usar a boca”, de Rupi Kaur, com um encontro presencial ao ar livre no Parcão. Antes do bate-papo, o Instituto Aurora realizou uma ação na região, em que voluntários e voluntárias distribuíram materiais informativos sobre o tema, para pessoas que circulavam no local.

Em 2020, as atividades presenciais ficaram prejudicadas pelas incertezas da pandemia, por isso os encontros do Clube do Livro foram realizados em formato online. A obra escolhida para integrar as reflexões dos 21 dias de ativismo foi “Um útero é do tamanho de um punho”, com poemas de Angélica Freitas. Durante o encontro, tivemos um diálogo aberto e produtivo sobre as violências de gênero, a posição da mulher no sistema machista e de como muitas vezes as violências são sutis e internalizadas.

O Instituto Aurora está comprometido com a Agenda 2030 da ONU, e você pode saber mais sobre a nosso olhar para o ODS 5 – Igualdade de gênero.

(Fotos: Barbara Vanzo, Franciele Correa, Jana Rizziolli e Luiz Dorabiato)

Algumas referências que usamos neste artigo:

Nações Unidas visibilizam liderança das mulheres em campanha dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres

Anuário Brasileiro de Segurança Pública

Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
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Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
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A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
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Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
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Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
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Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
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Minha empresa quer doar

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    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.
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