Monique Munarini é brasileira, mestranda em Direitos Humanos na Itália, com estudos integrados com a França. Voluntária à distância do Instituto Aurora, ela compartilha a sua vivência e reflexões sobre Direitos Humanos no Brasil e no mundo.
Por Brenda Lima, para o Instituto Aurora
Quando se fala em voluntariado, geralmente você pensa em atividades presenciais? E quando a primeira vez que dá certo acaba sendo no online? Foi isso o que aconteceu com Monique Munarini, voluntária do Instituto Aurora, que conta como tem sido essa experiência de voluntariado à distância.
A Monique conheceu o Aurora quando ainda estava no Brasil, em 2019, antes de migrar para a Itália em estudos. Num evento, na qual foi convidada por uma amiga, ela conheceu o Instituto e se cadastrou como voluntária: “Eu estava querendo me engajar em alguma coisa e casou muito! Fui no evento, gostei e me cadastrei.”
O retorno acabou não sendo imediato, mas ela continuou acompanhando as atividades do Instituto Aurora. Quando viajou para a Itália, foi contatada e convidada a participar dos eventos presenciais, momento em que informou a impossibilidade, por conta da distância. Mesmo assim, ela reforçou que ainda possuía interesse em participar de alguma forma. “Foi quando surgiu essa oportunidade de contribuir com o blog, aí me contataram”.
Interesse desde sempre em Direitos Humanos
Monique é graduada em Direito no Brasil, e conta que sempre se interessou pela temática de Direitos Humanos, participando de atividades voltadas à essa área de conhecimento. Inclusive, se envolveu em pesquisas, contribuindo no Grupo de Pesquisa sobre o Sistema Interamericano de Direitos Humanos do Centro Universitário Curitiba (UniCuritiba).
Esse envolvimento e conhecimento prévios fez com que sua participação e interesse em contribuir (e também aprender) com o Instituto Aurora permanecesse e fosse possível mesmo estando em outro país. Monique se mudou para a Itália no intuito de fazer sua pós-graduação de Mestrado em Direitos Humanos. Lá, ela trilha uma trajetória muito interessante e rica em aprendizado pelas instituições Università degli Studi di Padova – Italia (Universidade de Padova – Itália), Université Grenoble Alpes – France (Universidade pública em Grenoble Alpes – França), e na Université Catholique de Lyon – France (Universidade em Lyon – França).
Visão sobre Direitos Humanos no mundo
Indagada sobre qual sua visão da temática Direitos Humanos no mundo, sendo uma brasileira que acompanha essa pauta no Brasil e vive/estuda o tema na Europa, Monique diz que, embora o Brasil possua inúmeras questões relacionadas a desigualdade social, “precisamos parar com a síndrome do vira-lata”. Pois, diferente daquilo que indica o senso comum, países desenvolvidos também possuem suas desigualdades e questões problemáticas de Direitos Humanos.
Aqui, no Brasil, muitos temas são tratados de forma aberta, como é o caso – por exemplo – da luta pela efetivação dos direitos da população LGBTQIA+, do combate à homofobia, do combate ao racismo e também da luta contra a desigualdade entre os gêneros. Enquanto lá na Europa, a questão da dignidade humana é muito relativizada em situações que envolvem migrantes e refugiados, o racismo é muito forte por conta da miscigenação das antigas colônias.
Desta forma, o Brasil segue à frente da conquista e efetivação de direitos que na Europa ainda se discutem e são vistos como tabus. Monique trouxe, a exemplo, a questão da pandemia e os números de violência doméstica, relatando que, embora Brasil e Itália vivam contextos diferentes, os problemas são iguais. Tanto num país quanto no outro, houve um aumento preocupante nos números de mulheres que sofreram violência doméstica durante a pandemia.
Sob a ótica regional do tratamento aos Direitos Humanos, Monique nos conta que por haver Comitês e Comissões de Direitos Humanos na União Europeia, são estipuladas diretrizes para aplicar nos países-membros. Também por esse motivo, a visibilidade e manejo do tema é grande, então muitas medidas e campanhas lançadas por esses comitês e pelo sistema ONU têm alcance e adoção rápidas. Ainda, por ser o centro das discussões acerca de Direitos Humanos, as Organizações Não-Governamentais que são criadas na Europa recebem muito apoio governamental e financiamento da própria União Europeia para a efetivação concreta de tais medidas e campanhas.
Atualmente, Monique participa de uma organização estudantil chamada Student Engagement Team com seus colegas de mestrado, que tem foco na Agenda 2030 – ONU e, ao mesmo tempo, participa de outras associações e atividades que buscam a promoção e a garantia da Dignidade da Pessoa Humana que, aqui no Brasil, é norma e princípio norteador da Constituição da República.
Como o trabalho voluntário contribui para suas reflexões
Para Monique, ser voluntária no Instituto Aurora serviu de incentivo a aguçar sua curiosidade pelo estudo do tema, e ainda ajudou a desenvolver uma melhor capacidade de comunicação em Direitos Humanos. Estar estudando fora do Brasil, vivendo essa experiência multidisciplinar e extraterritorial, permite uma expansão da perspectiva sobre a educação em Direitos Humanos, que também é integrada, pois ela está em constante comunicação e vivência com ambas as realidades.
“Quando eu iniciei meu Mestrado em Direitos Humanos aqui na Itália, eu vi uma necessidade ainda maior de trazer essa pauta e trabalhar com isso no Brasil, quase como uma responsabilidade diante do fato de que eu vim para fora para estudar”.
Monique comenta que ser voluntária à distância no Instituto Aurora, estando em outro país, está sendo uma experiência bem interessante. “Desde a primeira conversa com a Mayumi [gestora de comunicação do Aurora], tive muita liberdade de propor pautas ou trabalhar com pesquisas que sejam semelhantes e/ou interajam com a minha pesquisa aqui. Então está sendo muito enriquecedor, um desafio muito interessante. Porque aqui, eu tive outras perspectivas, mas me faz ser mais curiosa a pesquisar temas e como eles interagem com o cenário brasileiro, como o que eu aprendi aqui se aplicaria no Brasil”.
Suas contribuições para o Instituto Aurora são, até o presente momento, os artigos:
- Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher: como abordar essa data na escola?
- O dia da ONU e o que ela representa para o Brasil e o mundo
- Discriminação estrutural: o que é, onde se encontra, como se manifesta?
- Inteligência Artificial tem um problema de gênero
- Como fazer um “Dia do Índio” educativo na escola?
Monique consegue correlacionar os assuntos abordados nestes artigos com os temas que estuda no mestrado e ainda, considerando as realidades e contextos culturais, traçar um paralelo Brasil-Itália, como foi o caso do artigo mais recente sobre o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher.
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