O ODS 16 fala sobre “promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável”. Isto também envolve a garantia de que todas as pessoas tenham acesso à justiça e o fortalecimento das instituições. Vamos entender como este Objetivo de Desenvolvimento Sustentável se dá na prática?

Por Instituto Aurora

(Foto: Luiz Dorabiato)

Está no terceiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”. Garantir estes direitos significa promover uma transformação: de uma cultura de violência para uma cultura de paz. E essa transformação precisa permear todas as relações, em todos os lugares.

Mas antes de falarmos em transformação, é necessário falarmos de entendimento. 

O que vem à sua cabeça quando você se depara com o termo cultura de paz?

Algo concreto ou algo abstrato? 

Prático ou distante da realidade?

Este é um daqueles conceitos que parecem mesmo difíceis de definir. Mas queremos mostrar que entendê-lo é, pelo contrário, bastante simples! Aqui no Instituto Aurora, gostamos muito da definição dada pela UNESCO para a cultura de paz, que pode ser encontrada no documento Cultura de paz: da reflexão à ação.

Podemos começar explicando que uma cultura de paz não presume a ausência dos conflitos, e, sim, a prevenção e a resolução não violenta deles. Ela é baseada em valores como a tolerância e a solidariedade e tem o diálogo, a negociação e a mediação como pilares para resolver problemas. Não é um ponto ao qual chegamos e nos acomodamos. A cultura de paz é um processo constante e cotidiano, que demanda da humanidade esforço de promoção e de manutenção.

Esse esforço de promoção e de manutenção embasa o ODS 16, que nos desperta para a impossibilidade de haver desenvolvimento sustentável sem paz. Vamos conhecê-lo?

Você pode entender melhor o que são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em nosso texto ODS: o que esta sigla significa e como ela impacta o mundo hoje.

O que vamos abordar neste artigo:

Publicado em 20/08/2020.

Sobre o ODS 16 e a construção de uma cultura de paz

Eis o 16º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável: “Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis”. Nele, percebemos três eixos, que são explicados na página internacional da ONU para esse ODS, e nós traduzimos aqui.

  1. A promoção de sociedades pacíficas e inclusivas

A violência, em todas as suas formas, tem um impacto nocivo para as sociedades. E a exclusão e a discriminação não apenas violam direitos humanos, como também causam ressentimentos e animosidade, podendo dar chance ao crescimento de violências.

  1. O acesso à justiça

Falta de acesso à justiça significa que conflitos permanecem sem resolução e que algumas pessoas acabam desprotegidas enquanto outras sem direito à redenção. 

  1. A construção de instituições eficazes

Instituições que não funcionam de acordo com a legislação ficam suscetíveis a opressões e a abusos de poder, o que resulta em menos capacidade de entregar os devidos serviços públicos para a população.

Esses três eixos são explorados ao longo das 12 metas que fazem parte do ODS 16:

  • Reduzir todas as formas de violência e as taxas de mortalidade relacionada em todos os lugares;
  • Acabar com abuso, exploração, tráfico e todas as formas de violência e tortura contra crianças;
  • Promover o Estado de Direito, em nível nacional e internacional, e garantir a igualdade de acesso à justiça para todos;
  • Reduzir os fluxos financeiros e de armas ilegais, reforçar a recuperação e devolução de recursos roubados e combater todas as formas de crime organizado;
  • Reduzir substancialmente a corrupção e o suborno;
  • Desenvolver instituições eficazes, responsáveis e transparentes;
  • Garantir a tomada de decisão responsiva, inclusiva, participativa e representativa;
  • Ampliar e fortalecer a participação dos países em desenvolvimento nas instituições de governança global;
  • Fornecer identidade legal para todos, incluindo o registro de nascimento;
  • Assegurar o acesso público à informação e proteger as liberdades fundamentais;
  • Fortalecer as instituições nacionais relevantes para a prevenção da violência e o combate ao terrorismo e ao crime;
  • Promover e fazer cumprir leis e políticas não discriminatórias para o desenvolvimento sustentável.

Para uma leitura completa das metas relacionadas a este objetivo, acesse a página do ODS 16 no site da ONU!

Os desafios do Brasil quando falamos do ODS 16

No Caderno ODS 16, esta análise mostra que o país precisa enfrentar quatro desafios para que consiga construir uma cultura de paz, garantir acesso à justiça para todas as pessoas e promover instituições eficazes.

Desafio 1: violência

O caderno aponta como um dos nossos grandes problemas a violência – de qualquer tipo – cometida principalmente contra pessoas negras, mulheres, crianças, adolescentes, LGBTs, indígenas e defensores de direitos humanos. Além disso, menciona que muitas dessas violências e violações de direitos acontecem pelas próprias instituições policiais e judiciais.

Desafio 2: acesso à cidadania

Será que todas as pessoas têm acesso à identidade civil em nosso país? E à justiça? E a informações públicas? Travestis e transexuais conseguem de forma tranquila acesso ao nome social? E pessoas negras ou indígenas, estão acessando o mercado de trabalho e a política da mesma forma que pessoas brancas? 

Desafio 3: situação do Estado brasileiro 

Sonegação fiscal, corrupção e envolvimento de agentes públicos com o crime organizado são citados pelo caderno como aspectos que enfraquecem o Estado. Também aparecem como um problema as instituições pouco transparentes, efetivas e responsáveis. Outro ponto de atenção é o encolhimento de instituições participativas federais, como os conselhos sociais, que acontece desde 2019.

Desafio 4: priorização da Agenda 2030

Por fim, o último desafio trazido pelo Caderno ODS é um chamado à ação: para que a Agenda 2030 se concretize, é preciso comprometimento dos governos, federal, estaduais e municipais e suas instituições, assim como do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública.

ODS 16 na perspectiva do Instituto Aurora

Reduzir significativamente todas as formas de violência é a primeira meta relacionada ao ODS 16. Nós acreditamos que o seu cumprimento passa por soluções que propaguem a justiça social e proporcionem o diálogo, aumentando a confiança e o respeito entre as pessoas. Nossos projetos e ações estão conectados a esta meta e também à busca da garantia de uma tomada de decisões de forma inclusiva, participativa e representativa; ao fortalecimento de instituições nacionais relevantes para a prevenção da violência e à promoção e ao cumprimento de leis e políticas não discriminatórias.

Uma história sobre como o ODS 16 aparece no nosso trabalho

Em 2017, iniciamos, em parceria com o Instituto + Cidadania, a Universidade Federal do Paraná e a Cia de Teatro Essencial, o Projeto Cidadanizarte, a convite do Ministério Público do Paraná. Nesse projeto, nós realizamos oficinas diversas para adolescentes em situação de conflito com a lei que estão nos Centros de Socioeducação (Censes) de Curitiba e Região Metropolitana. Durante o processo, percebemos uma necessidade: a de trabalhar também com os profissionais que estão em contato diário com esses jovens, abordando temas relacionados à justiça social, preconceitos, discriminação, empatia e comunicação não-violenta.

Desde então, caminhamos em um processo evolutivo. Em 2017, tivemos a oportunidade de conversar com os servidores por uma hora sobre esses temas. Em 2018, foram duas horas. E em 2019, foram 24 horas de sensibilização e formação. 

A turma que participou desta formação no ano passado avaliou que as maiores contribuições geradas por trabalhos assim estão nas áreas de saúde mental, autoconhecimento e também na construção de instituições eficazes, responsáveis e inclusivas – um dos princípios do ODS 16.

Se você gostaria de saber que outros ODS guiam as atividades aqui do Aurora, dê uma olhada na seção Quem Somos e conheça melhor o nosso trabalho!

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Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
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Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
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A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
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Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
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Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
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Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
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Minha empresa quer doar

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    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.
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