A violência sexual em conflito é usada como uma tática de guerra, tortura e terrorismo. Mulheres e meninas são as maiores vítimas desse tipo de violência, e ainda sofrem com estigmas. Entenda mais sobre esse problema e como combatê-lo.

Por Vivianne de Sousa, para o Instituto Aurora

A data do 19 de junho carrega consigo o Dia Internacional da Eliminação da Violência Sexual em Conflitos Armados. Esta data foi estabelecida e amplamente divulgada pela Assembleia Geral da ONU em 2015, com o objetivo de chamar a atenção para essa situação violadora de direitos, por vezes invisível e pouco discutida na realidade das pessoas.

De acordo com dados do Conselho de Segurança da ONU, o tema segue sendo de grande relevância: em 2021, foram registradas quase 3,3 mil notificações de violência sexual em conflito, 800 a mais do que em 2020.

O que caracteriza a violência sexual em conflito?

Incialmente gostaríamos de deixar registrado que a violência sexual em situação de conflito armado conceitua-se a partir da  inclusão de situações de estupro, escravidão sexual, prostituição forçada, gravidez forçada, esterilização forçada e qualquer outra violência sexual de gravidade comparada, praticada contra mulheres, homens, meninas e meninos, que seja direta ou indiretamente ligada ao conflito armado.

Situações de conflito deixam a população mais vulnerável a diversos tipos de violência, entre elas, a violência sexual, que é usada como uma tática de guerra, tortura e terrorismo.

A violência sexual pode aparecer como uma forma de subjugar ou humilhar pessoas pertencentes a grupos de oposição ou ativistas políticos. Ameaças também são comuns, inclusive com manifestações online, assim como discursos de ódio baseados em gênero. E, ainda, nesses cenários, podem acontecer fechamentos de serviços essenciais de saúde, dificultando o acesso de vítimas a tratamentos adequados.

É importante considerar que em algumas circunstâncias, essas condutas podem caracterizar e ser consideradas crimes de guerra ou crimes contra a humanidade representando graves violações ao Direito Internacional Humanitário e ao Direito Internacional dos Direitos Humanos.

Violência sexual em conflito e ODS 5: Igualdade de Gênero 

O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 (ODS 5) da Agenda 2030 da ONU fala sobre alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. A questão da violência sexual em conflito está relacionada com este ODS por ser uma questão que afeta principalmente meninas e mulheres: em 2021, elas foram vítimas de 97% dos casos registrados pela ONU.

Podemos também refletir sobre como a violência sexual e reprodutiva contra as mulheres não ocorre de modo isolado ou extraordinário em contextos de conflito armado ou ditadura; é o resultado do agravamento de uma violência contínua derivada da discriminação histórica e estrutural, enraizada na cultura patriarcal e machista, que subordina as mulheres a noções estereotipadas de inferioridade. Essa violência é potencializada quando se apresentam outros fatores interseccionais de vulnerabilidade, e se manifesta de diversas formas, como em atos de violação, tortura sexual, prostituição forçada, gravidez ou abortos forçados, esterilizações forçadas, uniões forçadas e escravidão sexual e/ou doméstica.

Violência sexual em conflito e ODS 16: Paz, Justiça e Instituições Eficazes 

Já o ODS 16 fala sobre promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.

Os conflitos armados podem resultar em deslocamentos de pessoas, o que deixa essas populações mais vulneráveis a violências. Isso dificulta o cumprimento do ODS 16.

É importante destacar que o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) registrou em 2014 cerca de 13 milhões de refugiados. Os países em desenvolvimento perdem todos os anos por volta de U$1,26 trilhão para corrupção, suborno, roubo e evasão de impostos. A taxa de crianças que deixam a escola primária em países em conflito alcançou 50% em 2011, o que soma 28,5 milhões de crianças. São números que precisam ser contidos.

De acordo com o Observatório do Terceiro Setor, com a Guerra na Ucrânia, ficou nítida a dificuldade mundial para construir o objetivo 16. Segundo a Acnur, 3,16 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia em direção a outros países desde o início da guerra. A guerra por sua vez, atrai  a atenção também para os outros 28 conflitos que estão instaurados atualmente ao redor do mundo, como por exemplo, o da Síria.

Ainda de acordo com dados da Acnur, uma a cada cinco mulheres refugiadas é vítima de violência sexual no mundo. Esses dados muito provavelmente estão subnotificados, uma vez que as vítimas nem sempre procuram ajuda ou denunciam as violências.

Como combater a violência sexual em conflito

Combater a violência sexual em conflito não é uma tarefa simples. Em relatório sobre o tema, a ONU aponta alguns caminhos:

  • Cuidar das sobreviventes de violência sexual em conflito de forma digna, com tratamentos adequados e de forma que possam tomar suas próprias decisões, a partir das informações disponibilizadas;
  • Modificar leis discriminatórias, melhorar a proteção de grupos vulneráveis e realizar investigações eficientes;
  • Aumentar a participação de mulheres em forças de segurança, bem como criar unidades especializadas no combate à violência sexual;
  • Proteger mulheres que ficam mais vulneráveis em situações de conflito, como ativistas políticas, jornalistas, mulheres em situação de cárcere, refugiadas, entre outras;
  • Para chegar à raiz da questão é preciso pensar nas desigualdades de gênero estruturais e normas sociais que contribuem para o estigma das vítimas de violência sexual. É preciso promover maior liderança feminina na política, na segurança, no legislativo, bem como em comunidades, na mídia e em organizações de forma geral.

O Instituto Aurora acredita na busca de soluções para prevenir e reduzir a violência, em projetos educativos que propaguem a justiça social e proporcionem o diálogo, aumentando a confiança e o respeito entre as pessoas. Conheça os nossos projetos alinhados com os temas de igualdade de gênero e cultura de paz.

Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
Minha empresa quer doar

    Minha empresa quer doar
    [caldera_form id="CF5f3eb06356163"]
    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.
    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.