“Sem Gentileza”, de Futhi Ntshingila, foi a obra escolhida como leitura coletiva organizada pelo Instituto Aurora no mês de maio de 2021. A partir do livro, pudemos refletir sobre várias questões sociais relacionadas a direitos humanos, presentes na vida das personagens principais.

Foto e texto por Mayumi Maciel, para o Instituto Aurora

“Sem Gentileza”, de Futhi Ntshingila, conta a história de Zola, de 31 anos, e sua filha Mvelo, de 14 anos mas “com cabeça de 40”. As duas moram em um barraco e passam por uma situação de extrema pobreza, dependendo de benefícios sociais, como uma bolsa de auxílio-doença, que nem sempre está disponível.

Zola engravidou na adolescência e foi expulsa de casa. Primeiro, morou com uma tia, que era dona de um bar, e posteriormente foi viver com Sipho, um homem que amava. Após um tempo, entretanto, Sipho se apaixona por outra mulher, Nonceba, o que faz com que Zola prefira se mudar para um barraco a continuar morando com ele. Ela nem cogita viver novamente com a tia, pois teme que Mvelo seja assediada pelos frequentadores do bar.

As histórias desses quatro personagens vão se cruzando e descruzando no decorrer da narrativa, pois Mvelo enxergava em Sipho uma figura paterna, e não conseguia deixar de gostar de Nonceba.

Atualizado em 20/07/2023. Publicado em 01/06/2021.

A maternidade e as desigualdades sociais em “Sem Gentileza”

A questão da maternidade aparece de forma constante em “Sem Gentileza”. Zola busca fazer o melhor para Mvelo, dentro de suas possibilidades. Preocupa-se com a educação da filha e que ela não sofra abusos.

Há um paralelo interessante entre Zola e Mvelo. Ambas engravidaram durante a adolescência. Mas Zola engravidou de um namorado que amava, enquanto Mvelo acaba sendo vítima de violência sexual. A relação delas com suas respectivas filhas acaba sendo diferente, mas ambas demonstram fazer aquilo que consideram ser o melhor.

A desigualdade social também aparece de forma presente na trama. Inseridas em um contexto de pobreza, Zola e Mvelo precisam lidar com a fome, com a falta de recursos e, muitas vezes, com a insegurança do local em que vivem.

O que “Sem Gentileza” tem a ver com Direitos Humanos?

“Sem Gentileza” apresenta uma série de assuntos possíveis de serem discutidos, a partir das vivências de cada personagem. Zola e Mvelo convivem com a questão da pobreza e da violência contra a mulher, Sipho e Nonceba nos fazem refletir sobre igualdade de gênero, por exemplo.

Destacamos alguns temas que surgiram a partir de nossa leitura de “Sem Gentileza”:

  • Pobreza e a necessidade de benefícios sociais
  • HIV/AIDS e saúde pública
  • Violência sexual contra crianças e adolescentes
  • Igualdade de gênero em relacionamentos e no ambiente de trabalho
  • Apartheid e consequências da segregação racial
  • Valorização da própria identidade e da cultura nacional
  • Gravidez na adolescência

Sobre as leituras coletivas do Instituto Aurora

Durante o ano de 2021, todos os meses, foi realizada uma votação aberta no perfil do Instagram do Instituto Aurora, para escolhermos a leitura coletiva do mês seguinte. Ao final de cada mês, também foi publicada, em nosso blog, uma resenha do livro escolhido, refletindo sobre os temas abordados e sua relação com Direitos Humanos.

Essa atividade fez parte de nosso Clube de Assinatura, em que uma das recompensas disponíveis era um Guia de Leitura, no qual nossa equipe apresentava comentários e perguntas para reflexão a partir do livro do mês, e também havia um grupo exclusivo no Telegram, onde conversamos sobre a obra e outros assuntos.

O Clube de Assinatura foi descontinuado em 2022, mas temos informações sobre ele e outros projetos do Instituto Aurora em nosso Portfólio.

Acompanhe o Instituto Aurora nas redes sociais: Instagram | Facebook | Linkedin | Youtube

Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
Minha empresa quer doar

    Minha empresa quer doar
    [caldera_form id="CF5f3eb06356163"]
    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.
    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.