“Se Deus me chamar não vou”, de Mariana Salomão Carrara, foi a leitura coletiva organizada pelo Instituto Aurora no mês de outubro de 2021. A partir da obra pudemos refletir sobre questões de direitos humanos pelo ponto de vista de uma menina.

Por Mayumi Maciel, para o Instituto Aurora

“Se Deus me chamar não vou”, de Mariana Salomão Carrara, traz como narradora Maria Carmem, de onze anos. O livro começa com uma carta da menina, escrita para o Homem-Aranha, numa tarefa de escola.

A partir disso, Maria Carmem se sente motivada a escrever sobre o seu ano, num livro de sua autoria. Ela vai contando sobre sua família, a escola, a relação com o próprio corpo, e outras reflexões e divagações que surgem.

Infância, vida e morte

Logo nas primeiras páginas de “Se Deus me chamar não vou”, Maria Carmem diz:

“Minha professora falou que eu escrevo muito bem. Eu nem sabia que era possível escrever mal, pensava que ou se sabia escrever, ou não. Então ela me disse que um dia eu serei escritora, o que me deixou muito frustrada. Perguntei se isso queria dizer que eu não podia mais escrever até que eu fosse escritora. Ela ficou me olhando, no começo parecia distraída, depois pegou minha mão e, assim como se fosse uma de nós brincando de professora, falou, com grandes movimentos na boca, que muito pelo contrário, Maria Carmem! Que eu devia continuar praticando muito, muito mesmo, e só assim eu seria escritora.”

Essa passagem já traz, de início, algumas reflexões. Uma delas é sobre como, muitas vezes, não enxergamos a criança como um indivíduo e só projetamos para o futuro, com perguntas como “O que você quer ser quando crescer?”.

Também já conseguimos perceber como a personagem segue linhas de pensamento muito próprias, que aparecem com frequência na narrativa. Segundo a própria Maria Carmem, seus pais são donos de uma “loja de velhos”, que nada mais é do que uma loja que vende produtos como coletes ortopédicos, bolinhas de fisioterapia, bengalas, etc.

Talvez pelo convívio com pessoas idosas e pela permanência na loja, Maria Carmem reflete muito sobre a morte. Esse não é um assunto que necessariamente pensaríamos aparecer com frequência numa narrativa do ponto de vista de uma menina, mas que faz todo o sentido com as vivências e emoções que ela tem.

O que “Se Deus me chamar não vou” tem a ver com Direitos Humanos?

Com sua forma de observar o mundo, Maria Carmem toca em vários assuntos que se relacionam com Direitos Humanos. Questões de gênero, orientação sexual, cuidado com idosos, preconceitos.

Aqui, queremos dar destaque para dois pontos: o bullying e a relação com o próprio corpo.

Maria Carmem relata vários episódios de bullying / violência, sofridos em sua maioria por ela, e alguns com outras crianças. Essas violências estão relacionadas a diferentes preconceitos, como a gordofobia, homofobia, e violência de gênero.

Por ter, naquele ano, “descoberto que é gorda”, Maria Carmem chega a fazer uma dieta por uma semana, o que acaba não dando muito certo. No decorrer das páginas, ela constantemente se lembra de sua aparência, de ser “grande para a idade” e de como isso afeta a sua autoestima, imaginando, por exemplo, que nunca vai conseguir um namorado.

Essa relação com o próprio corpo faz com que ela tenha nojo e vergonha inclusive de suas funções fisiológicas, o que desencadeia em um episódio que afeta a sua própria saúde. E tudo isso acontece com uma menina que está na transição entre a infância e a adolescência.

Quer saber mais sobre as leituras coletivas promovidas pelo Instituto Aurora?

Todos os meses o Instituto Aurora faz uma votação em nosso perfil do Instagram, para que seja escolhida a leitura coletiva do mês seguinte. Ao final de cada mês, publicamos em nosso blog uma resenha como esta, em que trazemos reflexões sobre a obra e sua relação com os Direitos Humanos.

Se você quiser se aprofundar mais nas leituras e também participar de um espaço para compartilhar suas reflexões, pode participar do nosso Clube de Assinatura. Temos várias opções de recompensas disponíveis, inclusive um Guia de Leitura, no qual apresentamos comentários e perguntas a partir da obra do mês. Você ainda pode participar de um grupo exclusivo no Telegram, onde conversamos sobre livros e outros assuntos.

Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
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Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
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A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
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Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
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Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
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Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
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Minha empresa quer doar

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    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.
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