Fake news são conteúdos manipulados e distorcidos, para influenciar a opinião pública. Durante as eleições, elas tomam uma grande proporção e podem afetar a nossa liberdade de escolha na hora do voto. Neste artigo, falamos da importância de tomarmos medidas para combater a desinformação.

Por Ana Carolina Machado, para o Instituto Aurora

A internet e principalmente as redes sociais criaram um fluxo muito mais veloz na comunicação, as informações e notícias circulam e se propagam com muito mais facilidade. Por um lado é muito bom, pois democratiza a produção e o consumo de conteúdo. Por outro lado, as redes sociais passaram a ser utilizadas como um veículo para circulação de propagandas distorcidas e mentirosas, principalmente no ambiente político.

O que são fake news

Fake news, mais do que a tradução livre (notícias falsas), é o termo utilizado para contextualizar conteúdos propositalmente manipulados e distorcidos, que têm como finalidade influenciar uma opinião pública sobre determinado assunto.

No mundo, o termo fake news teve um grande destaque nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2016, na candidatura do ex-presidente Donald Trump que se utilizou, primordialmente, da rede social Twitter como uma das principais plataformas de comunicação da sua campanha. No Brasil, a expressão fake news ganhou destaque nas eleições presidenciais de 2018, na campanha do atual presidente Jair Bolsonaro, que também ficou caracterizada pelo uso de estratégias na internet e aplicativos, principalmente no WhatsApp, propagando notícias por meio de robôs e algoritmos. 

As estratégias utilizadas no marketing político na internet, ao contrário da mídia tradicional (jornal, revistas, TV, rádio), tem como base o repasse de informações, sem qualquer preocupação/cuidado sobre a veracidade da notícia, para determinado grupo de contato.  Desta forma, as mensagens vão se propagando em ritmo bastante acelerado e sem controle. 

Além disso, nas redes sociais é possível filtrar que o conteúdo seja direcionado a um determinado grupo de pessoas, levando em conta a idade, gênero, classe social, entre outros, por meio de um sistema robotizado. Outra estratégia bastante utilizada na internet é levar determinado assunto aos trending topics, que significa: assuntos do momento. Para isso acontecer com mais velocidade, muito se utiliza da compra de “Likes” fazendo que o assunto ganhe visibilidade de uma forma não orgânica. 

Os perigos e as consequências das fake news nas eleições e no dia a dia

Apesar de silenciosas, as fakes news trazem inúmeros prejuízos à sociedade, principalmente à democracia. Com a facilidade na disseminação de notícias e na manipulação delas, os governos autoritários se utilizam desse artifício para obter aprovação popular, por meio de um discurso e aparência mentirosa de um governo democrático. 

Logo a propagação e o consumo de notícias falsas, adulteradas e manipuladas afetam diretamente o direito à liberdade. As plataformas digitais, cada vez mais inteligentes, acabam por definir, direcionar, limitar, propagar, excluir o acesso de determinada informação. Fake news é um dano nocivo ao direito da liberdade, da informação e aos direitos humanos, pois com o anonimato proporcionado no ambiente da internet a violência e o discurso de ódio são intensificados, principalmente contra grupos minoritários: negros, homossexuais, indígenas, pessoas em situação de rua, mulheres e assim por diante.

A indústria das fake news também impacta diretamente na inserção das mulheres na política. De acordo com a Plan International – uma organização humanitária, não governamental – 87% das meninas e jovens mulheres sofrem efeitos negativos de fake news. O Instituto Política de Saia, em parceria com o Projeto Justiceiras, ao longo da sua pesquisa com mais de 1.190 mulheres, verificou que mais de 51% das entrevistadas passaram por situações de violência ou discriminação, sendo elas na qualidade de eleitoras ou no exercício do seu mandato.

De acordo com Informações extraídas no portal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná sobre o perigo da fake news, um estudo divulgado pelo Instituto Mundial de Pesquisa (IPSO), de 2018, revelou que no Brasil 62% dos entrevistados admitiram já ter acreditado em notícias falsas, número acima da média mundial, que é de 48%. Outro estudo, divulgado em junho de 2020 sobre o Relatório de Notícias Digitais do Instituto Reuters (Reuters Institute Digital News Report), mostrou que o WhatsApp é uma das principais redes sociais de discussão e troca de notícias no país, perdendo somente para o Facebook.

O consumo exacerbado de notícias pela internet pode gerar a propagação de conteúdo mentiroso e consequentemente desinformação em massa. 

Como denunciar fake news pelo TSE?


Em 2018, com o objetivo de combater os efeitos da propagação da fake news sobre as eleições, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) criou o Sistema de Alerta de Desinformação Contra as Eleições. Nesse sistema é possível comunicar à Justiça Eleitoral o recebimento de notícias falsas, descontextualizadas ou manipuladas sobre o processo eleitoral brasileiro.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, desde as últimas eleições gerais em 2018, as estatísticas mostram que o número de eleitoras e eleitores cresceu 6,21%, passando de 147 milhões para 156.454.011 de pessoas nas Eleições 2022. Sem contar que o número de adolescentes entre 16 e 17 anos que se inscreveram esse ano para votar foi recorde.

Como combater as fake news nas eleições?

Com o grande número de jovens eleitores, somado ao consumo das redes sociais, principalmente por essa faixa etária, é de extrema importância e responsabilidade de cada indivíduo a checagem das notícias e informações recebidas por aplicativos antes de repassá-las e/ou divulgá-las.

O envio de conteúdos falaciosos e sensacionalistas podem gerar ansiedade, pânico desnecessário e desinformação em massa, ferindo direitos inerentes à vida, como o direito à liberdade, educação, saúde, informação e os direitos humanos, sem contar o grande risco à democracia. 

Antes de compartilhar leia a notícia completa, cheque a data e a fonte. Um erro muito comum é o compartilhamento apenas pela leitura da manchete, do título da notícia, e/ou do primeiro parágrafo. O impulso faz com que as fake news se espalhem com velocidade e facilidade. 

Consultar sites de verificação gratuitos também é uma forma eficiente de combater a desinformação. Alguns exemplos são Fato ou Fake, Aos Fatos e Agência Lupa.

A informação é um direito de todos, portanto divulgar e compartilhar informações falsas, publicações distorcidas e duvidosas, fotos e vídeos manipulados, além de trazer riscos à democracia, incentiva e legitima discursos de ódio e a violência. 

Meu, Seu, Nosso Voto e o voto responsável

Combater a disseminação de fake news nas eleições contribui para exercermos o voto responsável. A desinformação afeta nossa liberdade de escolha na hora de votarmos, pois pode influenciar a decisão com base em mentiras.

Sabendo da importância de votarmos pensando no coletivo, desenvolvemos o projeto Meu, Seu, Nosso Voto, uma cocriação entre o Instituto Aurora, a Nossa Causa e a Escola de Política. São várias frentes de atuação que contribuem para o voto responsável, como rodas de conversa, materiais para download, podcast Nosso Voto e curadoria de conteúdo.

Acesse a página do Meu, Seu, Nosso Voto e se envolva!

Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
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Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
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A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
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Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
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Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
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Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
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Minha empresa quer doar

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    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.
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