“Seja a mudança que você quer ver no mundo”. A popular frase de Mahatma Ghandi poderia servir para a maioria das pessoas que colaboram ou colaboraram com o Instituto Aurora ao longo da nossa história, mas ouvindo a história do Daniel Fauth, nosso voluntário e parceiro técnico, essa afirmação surgiu como um letreiro luminoso. 

Dando continuidade à nossa série de reportagens sobre as pessoas que constroem o Instituto Aurora e acreditam na nossa missão, queremos contar um pouco sobre o Daniel e como ele se transformou, transformando também a vida de outras pessoas em colaboração com nossos projetos.

Daniel estava começando seu caminho em iniciativas sobre masculinidades e violência quando conheceu o Instituto Aurora, por meio da nossa diretora-executiva Michele Bravos, quando ambos atuavam no Núcleo de Criminologia e Política Criminal da UFPR. Ele conta que nesse período vinha de um caminho, também pessoal, que o levou a se aprofundar no tema masculinidades e violência, mas que sentia a necessidade de fazer algo a mais.

“Naquela época, eu percebi que minha demanda não era teórica, ela era prática. Eu precisava estar em um processo de transformação. Foi algo que partiu de uma busca pessoal mesmo, de me reconectar comigo e com as outras pessoas, especialmente com a minha companheira. E, acho que o Aurora foi um dos primeiros espaços onde um convite para a ação aconteceu.”

O Daniel conta que sua caminhada de trabalhos com homens autores de violência vem de uma percepção de que todos e todas, mas sobretudo os homens, são “atravessados por formas violentas de ser e de se relacionar com o outro”. 

Com essa base, Daniel queria levar seu conhecimento à prática e de forma preventiva, ou seja, antes do problema estourar. “E calhou!”. Daniel estava mergulhado em um tema que diz respeito à Educação em Direitos Humanos e tinha a chance de ter o instrumental e a linguagem da Comunicação Não-Violenta (CNV) – metodologia alinhada à ODS 16, uma das frentes de atuação do Instituto Aurora, e base importante das nossas ações.

Daniel hoje é psicólogo, mestre em Direito, especialista em criminologia, pesquisador em gênero e masculinidades e facilitador de espaços de comunicação não-violenta.

Publicado em 28/11/2020.

O poder da linguagem empática e não-violenta

No início dessa parceria com o Aurora, Daniel participou de rodas de conversa do Projeto Homens que Somos, com exibição do documentário O Silêncio dos Homens, junto com homens da Agência Mirum; capacitação no Lar Dona Hermínia; e do projeto Faces no Muro, com alunos do Colégio Tiradentes. 

“E foi com o Aurora que eu pude colocar a CNV, que eu estava lendo e pesquisando, em prática. Sempre me incomodou muito pensar em intervenções que não partissem de uma visão crítica da realidade. Por outro lado, eu via que a atuação política muitas vezes era mais reativa.” 

Daniel lembra, então, da sua experiência com os meninos do Colégio Tiradentes, em que, em um movimento mais proativo e não reativo, pode sentar com eles para um papo sincero. O voluntário lembra que disse na ocasião que aquela reunião não era somente sobre ensinar comunicação não-violenta, mas sobre “onde o que eu tenho pode dialogar com vocês e onde o que vocês têm pode me ajudar”. Uma construção coletiva de empatia e escuta. 

O projeto consistia em uma trilha de aprendizado sobre direitos humanos que resultou em 24 horas de encontros com 10 facilitadores, além da pintura de um painel urbano retratando o rosto de mulheres defensoras de direitos humanos, como as brasileiras Marielle Franco e Maria da Penha.

“Era interessante porque eu sentia que ali [com o Aurora] uma linguagem um pouco mais reativa não pegava, não era bacana. Ao mesmo tempo eu tinha que ter essa forma de me comunicar sem que eu me anulasse, principalmente nas questões raciais. E esse é um outro lado desse trabalho – em ambientes como escolas e empresas – que muitas vezes a gente fica em uma ideia fixa de bem-estar e de subjetividade saudável. Não quero entrar muito em teoria, mas tem a ver com uma certa ideia de colonialidade, de branquitude. Mas, junto com o Aurora, eu tive a oportunidade de trabalhar isso de um jeito dialógico, que interessava que o outro se interessasse. Para além de convencer. Precisava construir.”

Transformação espelhada e compartilhada

Dessa vez Daniel tinha um novo desafio, facilitar uma roda de conversa sobre masculinidades com colaboradores homens da Agência Mirum. Daniel se viu no dilema de falar com homens a partir da parceria com uma empresa, com uma proposta que não poderia cair na lógica da produtividade, levando-o a questionar sua posição como facilitador ali. 

Apesar da resistência interna inicial, ele conta que percebeu que existem várias formas de contribuir para a vida das pessoas, a partir de uma conexão pessoal e com o entorno, “sem cair em uma chave produtivista, sem cair em uma chave ‘melhor versão de si mesmo“. O voluntário viu ali a formação de uma comunidade para troca, construída aos poucos em um ambiente seguro, da qual tinha a empresa somente como um elo. 

Estimulando-os a olhar para si, Daniel fez o mesmo consigo e diz que a experiência fez parte do seu “crescimento pessoal”.

“O que eu sentia no começo [como voluntário no Aurora], muitas vezes, era medo. Medo de ser julgado. Medo de ser inadequado. E foi interessante porque eu percebi como eu estou armado nesse espaço. Como é desafiador você trabalhar fora de um modo combativo, fora de um modo bélico…mas, em um modo empático. Para mim, a transformação foi essa: existem outras formas de trabalhar e de intervir que são muito mais sutis e, ao mesmo tempo, muito mais poderosas.”

Em um ambiente construído coletivamente para o diálogo e a comunicação não-violenta, assim como outros facilitadores, Daniel pode exercer um papel de intermediação com homens e jovens propondo uma transformação coletiva a partir do olhar para si. A construção desses espaços de diálogo junto com os projetos do Instituto Aurora auxiliou o voluntário no seu processo pessoal, à medida que impactava pessoas ao seu redor em um importante exercício de empatia e transformação. 

Apoie o Instituto Aurora

Essa é a história do nosso voluntário e parceiro técnico Daniel Fauth, mas ainda temos mais histórias para contar para você. O Instituto Aurora depende de parcerias como essa, com pessoas como o Daniel, para continuar o seu trabalho. E a gente também precisa de pessoas como você para contribuir na construção de outras histórias como essa. 

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Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
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Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
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A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
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Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
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Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
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Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
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Minha empresa quer doar

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    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.
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