Moda reflete os nossos modos, a nossa postura em sociedade. Moda é comunicação. Como tal, ela também pode ser uma forma de educar, de provocar mudanças culturais. É aí que a moda também pode ser um espaço para a educação em direitos humanos. Vem com a gente refletir sobre isso.

Por Michele Bravos

Nesta semana, com certeza passou pelo seu feed fotos de famosas e famosos que estiveram no VMA 2021 (Video Music Awards) ou no Met Gala (baile filantrópico do Museu Metropolitano de Arte, em Nova York). Teve a foto icônica da congressista americana Alexandria Ocasio Cortez, com o vestido branco que trazia a mensagem “Tax the rich” (taxem os ricos). 

E o que isso tem a ver com direitos humanos, ou melhor, com educação em direitos humanos – já que, por aqui, falamos disso? 

Antes de avançarmos, entendemos que é super importante pontuar a necessidade de um olhar crítico sobre o que simboliza um baile como o Met Gala, organizado pela revista Vogue como um evento filantrópico para levantar recursos para o Museu Metropolitano de Arte, em Nova York, com um convite custando U$ 30 mil. Muitas vezes, a filantropia só mantém o sistema vigente, deixando cada um no seu lugar: privilegiados em lugares de privilégio e excluídos em lugares de exclusão. Nesse texto, a gente não vai explorar com profundidade esse ponto, mas achamos importante trazê-lo para contextualizar. 

Posto isso, a gente quer partir de um ponto para a reflexão: moda é comunicação. Comunicação, enquanto expressão individual ou de grupo, é um direito humano. Vamos lembrar lá da “liberdade de expressão”. E, comunicação também pode ser uma forma de educação. E, com certeza, educação em direitos humanos. 

Já falamos por aqui que a educação em direitos humanos pode ocorrer tanto no espaço formal de ensino, como escolas, quanto no espaço não formal de ensino, como a partir do trabalho de organizações sociais. Mas, a educação em direitos humanos também pode ocorrer no espaço informal de ensino, como em um baile de gala. Por que não? 

O papel da moda na educação informal

A educação informal é aquela que acontece sem currículo ou processo organizado e que nos encontra mesmo quando não estamos buscando por ela. É a educação que acontece a partir de um story nas redes sociais de uma amiga, ou em um diálogo à mesa com a família, ou durante uma ação de comunicação.

Se pensamos que moda é comunicação. E comunicação pode servir à educação também, o que foi visto e lido nas peças-mensagens de AOC, e também da modelo Cara Delevingne e do ator Jeremy Pope foram ações de educomunicação, ocupando esse espaço informal de ensino. 

A moda também pode servir de meio de comunicação para direitos humanos. De forma muito direta, quando, por exemplo, estampa frases ou imagens que transmitem uma mensagem em prol desses direitos ou de grupos frequentemente atacados. 

AOC ao usar um vestido da estilista Aurora James, que é mulher negra, imigrante e pensa a sua produção de forma sustentável, já traz uma mensagem de valorização de artistas que, em decorrência de sua cor de pele ou nacionalidade, podem enfrentar mais obstáculos de ascensão profissional, em uma sociedade racista. Somado a isso, a mensagem: taxem os ricos. 

Temos que pensar que em uma ação de comunicação – ou de educação – toda mensagem está direcionada para um público. Usar o espaço de um baile de gala, com inúmeros filantropos (pessoas ricas), para provocar a taxação de grandes fortunas é assertivo. E, mais do que ter atingido o público-alvo, vale pensar na reflexão que a mensagem trouxe para além do evento, repercutindo em nossas rede sociais e, no mínimo, intrigando as pessoas a se perguntarem sobre para que serve “taxar os ricos” ou se isso, de fato, pode contribuir para redução de desigualdades. Ao nosso ver, pode sim – só para constar. 

Ainda sobre mensagens estampadas, Cara Delevingne carregou no peito um “f***-se o patriarcado”. A palavra “peg” que estampa sua roupa faz referência a uma posição sexual, em que a mulher faz sexo anal em um homem. Tem muita informação aí. Nós sabemos. Mas, vale pensar sobre o que essa mensagem nos provoca a pensar também. Você pode não concordar com o estilo combativo da mensagem. Por aqui, a gente transita por outros caminhos, mas lançar luz sobre a necessidade de ruptura com o patriarcado, enquanto um modelo de sociedade bastante pautado na violência, é importante.

Jeremy Pope no Met Gala

É possível educomunicar sem palavras

Comunicar é transmitir uma mensagem, tornar essa mensagem comum a mais pessoas. A essa altura do texto, já deu para entender que comunicar não se resume apenas a falar. A comunicação pode ocorrer por gestos, pela escrita, por imagens, e também pelas roupas que escolhemos usar – considerando seus cortes e escolhas de tecido (códigos que compõem a mensagem), inclusive.

Foi o caso do ator Jeremy Pope, que usou uma roupa que fazia referência às vestimentas utilizadas por pessoas negras escravizadas nos Estados Unidos que trabalhavam em plantações de algodão. A forma e a textura de sua roupa eram em si uma provocação à produção escravocrata que foi base para o crescimento do que era destaque naquela noite: as peças de moda, que são objeto de desejo de muitos, mas acessadas por poucos (em especial, por aqueles que compõem as bases da cadeia produtiva). 

Se você quiser fazer do ato de se vestir também uma ação de educomunicação para direitos humanos, vale conhecer essas marcas: 

  1. A marca Fashion Masks, que é uma empresa que se propõe a fazer produtos com insumos todos brasileiros e as peças carregam mensagens de conscientização social. Além disso, cada peça vem assinada pela costureira ou costureiro que a costurou, fazendo com que a gente lembre que foi uma pessoa quem fez a nossa roupa. 
  1. A marca “Puta peita”, que ficou bem conhecida com as camisetas de “Lute como uma garota” e as frases que derivaram disso, questionando o estereótipo da mulher em nossa sociedade: afinal, qual é o lugar e o papel da mulher? 

Para a gente continuar conversando sobre educação em direitos humanos em outros espaços para além do ensino formal, a gente te convida a ler o post sobre Arte na Educação em Direitos Humanos: criar vivências e transmitir valores. Aliás, moda também é arte, né?

Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
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Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
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A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
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Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
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Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
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Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
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Minha empresa quer doar

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    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.
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