Para mostrar um pouco mais sobre as diferentes frentes de atuação do Instituto Aurora, nossa campanha do Dia de Doar irá te apresentar pessoas que estão envolvidas conosco e acreditam na nossa missão. Por isso, começamos a nossa série de artigos especiais com a história de uma de nossas voluntárias, Leticia Galvão.

A primeira impressão

Imagine uma música suave, que conduz seus movimentos com leveza. Uma música como “Leve”, da Mahmundi. Sabe? Essa canção define bem a Leticia, nossa voluntária carioca, mas que tem morado em Curitiba há alguns anos. Ainda no Rio, ela já participava de algumas ações sociais no antigo lixão de Gramacho, e também já realizou trabalho voluntário fora do país. Estar envolvida em projetos que trabalham com problemas sociais e com comunidades são questões que fazem parte de quem a Leticia é.

Foi em Curitiba que a Leticia conheceu o Instituto Aurora, por meio da nossa diretora-executiva, a Michele. Ao acompanhar as redes sociais da nossa organização, ela viu que havia muita conexão com o seu dia a dia. E, também, percebeu uma diferença entre as atividades que já havia participado em outras ocasiões.

“Quando eu vi o Instituto Aurora indo além um pouco só do trabalho em si, mas também trazendo o aspecto de educação em direitos humanos, de você saber o porquê você está fazendo o trabalho, foi o que me chamou mais a atenção.” 

Leticia comenta que os trabalhos sociais que já havia feito geralmente estavam associados a igrejas ou ONGs, que traziam um discurso religioso ou de “não deixar as pessoas morrerem de fome”. O que ela viu como diferencial no trabalho do Aurora foi haver também uma reflexão: entender por que as desigualdades existem e quais os objetivos que devem ser almejados para uma mudança.

E isso enche o nosso coração de alegria! 

Publicado em 24/11/2020.

Atuando como voluntária no Instituto Aurora

Foi bem no nosso comecinho como organização, em 2018, que a Leticia se envolveu com a gente como voluntária. Ela participou de uma oficina e ações de colagem, chamando pessoas da república em que morava para participarem também. Por um tempo, ela precisou se afastar do voluntariado, por excesso de atividades de trabalho, mas conseguiu retornar recentemente – sorte a nossa!

A atuação mais recente da Leticia foi como uma das mediadoras das rodas de conversa no projeto “Diálogos Inter-Raciais”, realizado em parceria com o IFPR Campus Curitiba, com os temas de raça e etnia, e colorismo, sendo que este último ela considera de especial importância para si.

“O colorismo passa por aspectos que mostram para a gente, de uma forma analítica, em quais níveis a gente vai sofrer repressões e preconceitos dentro da sociedade. Eu considero que foi muito importante saber, estudar, ter contato com esse assunto. E, para mim, ele é ainda pouco explorado, porque ele entrou em pauta na discussão das pessoas pretas há pouco tempo. Este é um assunto que já ajudou muitas pessoas a se olharem no espelho e entenderem sua identidade, fazer uma busca pela ancestralidade, para a família. Eu vejo que é um assunto em construção.” 

A potência das nossas rodas de conversa

Por onde a Leticia passa, seja no espaço online ou no offline, ela afirma a sua identidade de mulher negra de pele clara. Mas, nem sempre foi assim. Há pouco tempo, ela nunca nem havia olhado para os pais como negros. No Rio de Janeiro, ela era lida como uma mulher branca – o que mudou ao chegar em Curitiba. Embora não sentisse um racismo “ativo”, a Leticia percebeu que recebia olhares e tratativas diferentes. “É óbvio que não vou sofrer como uma pessoa negra retinta, mas eu precisava entender o meu papel dentro da comunidade negra. Sabendo que eu terei mais privilégios, eu preciso utilizá-los bem. Porque com certeza eu vou acabar acessando mais lugares e vou poder reivindicar isso para que os meus outros irmãos estejam junto comigo, tendo as mesmas oportunidades”. 

Estudando sobre a cultura preta e os aspectos sociais envolvidos, a Leticia decidiu que precisava dialogar sobre essas questões na empresa em que está trabalhando atualmente. Ela sabia que tinha que fazer algo, mas não sabia como. E foi aí que uma ação do Instituto Aurora acabou auxiliando-a a encontrar um caminho.

Foi participando de uma outra atividade recente do Instituto Aurora, de rodas de conversa sobre voto responsável, no projeto “Meu, Seu, Nosso Voto”, que uma luzinha de possibilidade se acendeu. Ela viu que um assunto extremamente polêmico e polarizado – as eleições – foi abordado de forma respeitosa, trazendo pessoas de diferentes visões. Animada com o que vivenciou, ela chamou um amigo para também participar de uma das rodas do projeto, e os dois viram que, pela nossa metodologia Aurora, seria o caminho para dialogar na empresa sobre racismo estrutural.

Com um pouco mais de conhecimento acerca dos Círculos de Diálogos, metodologia que baseia as rodas de conversa do Instituto Aurora, Leticia percebeu que poderia ir nessa linha da construção de diálogos na empresa. Depois de cinco meses tentando uma forma de dialogar em seu local de trabalho, finalmente, no começo de novembro, foi realizada a primeira roda de conversa sobre questões raciais. Antes disso, já havia sido realizado um bate-papo sobre diversidade, mas a polarização acabava atrapalhando um pouco o desenvolvimento do bate-papo, e com o método dos círculos de diálogo, conseguiu encontrar um equilíbrio maior, segunda avaliação da própria Leticia.

Além da roda de conversa e da estruturação de uma cartilha, Leticia e seus colegas conseguiram um canal no qual podem ser compartilhados aspectos da cultura negra e indígena. A ideia é que, com esses espaços, possam ser levantados questionamentos sobre representatividade racial e diversidade na empresa.

E esses são os primeiros passos. A Leticia contou que já tem mais dois roteiros de rodas de conversa prontos, e o objetivo é que cada vez mais e mais se possa dialogar sobre essas questões. 

Todo essa história da Leticia com a gente fortalece o nosso trabalho aqui no Instituto Aurora. É animador tomar conhecimento das mudanças que estamos influenciando. 

Um legado para o nosso tempo

Leticia enxerga o trabalho do Instituto Aurora como sendo algo contínuo e que está sendo sempre atualizado. Alguns temas abordados, como questões raciais, de gênero, eleições, são assuntos antigos, mas que continuam tendo uma repercussão vívida em nossa sociedade. Assim, são trazidos conceitos que às vezes são complexos e pesados de falar, mas de extrema importância.

“Eu acho que o Aurora não é só para o agora.
Ele é atemporal.”

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Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
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Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
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A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
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Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
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Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
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Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
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Minha empresa quer doar

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    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.
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