A educação é um direito de todas as pessoas, no entanto, nem todos os países garantem esse direito. No Brasil, a educação é assegurada e tem um órgão específico que cuida de todo o sistema, chamado Ministério da Educação (MEC). Conheça sua história e importância.

Por Andrea Weschenfelder, para o Instituto Aurora

(Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

A educação é considerada um instrumento de transformação e renovação das pessoas e da sociedade. No Brasil, ela ocupa, desde 2020, a 54ª posição no ranking do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) que abrange 65 países. 

Essa colocação chama a atenção para a qualidade na educação nacional, que é uma das principais atribuições do Ministério da Educação (MEC) –  responsável por todo o sistema educacional do país, desde a educação infantil até a profissional e tecnológica.

Mas nem sempre a educação teve status de ministério. Para o Brasil reconhecê-la explicitamente como direito público e constitucional, até a criação de um ministério específico para o setor, foi necessário passar por diversas configurações, mudanças, títulos e formas. Saiba como esse processo aconteceu, qual a função e importância do órgão.

Publicado em 21/06/2023.

O que é o Ministério da Educação

Com 93 anos, o Ministério da Educação, mais conhecido como MEC, é o órgão responsável pelo sistema de educação do país. O departamento legisla e regula a educação, elabora e executa a Política Nacional de Educação (PNE), que determina diretrizes, metas e estratégias para a política educacional, com a participação direta da administração federal.

Qual a função do Ministério da Educação

Como vimos, o MEC cuida de todo o sistema de educação do Brasil, desde a educação infantil até a profissional e tecnológica. E algumas de suas principais e mais conhecidas atuações são:

Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

A BNCC determina a realização de um conjunto de aprendizagens fundamentais para os alunos e as alunas da educação básica ao longo de etapas e modalidades. A base é definida pelo MEC e pretende ser a principal reguladora da educação. Serve para orientar os cursos de educação online e as pautas de ensino das escolas públicas e privadas, desde a educação básica, ao ensino fundamental e médio. 

Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)

O ENEM, instituído em 1998, avalia o desempenho escolar de estudantes que finalizam a educação básica. Desde 2009, os participantes podem utilizar a ferramenta para acesso à educação superior.

As suas notas também dão acesso ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e às bolsas de estudo do Programa Universidade para Todos (ProUni), em mais de 50 instituições de educação superior portuguesas. Além disso, estudantes podem solicitar financiamento estudantil como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Seus resultados têm sido utilizados para o levantamento de indicadores e a realização de estudos educacionais.

Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 

O Sisu, criado em 2010, é um sistema informatizado para acesso às instituições de ensino superior públicas, por meio de vagas para os candidatos e candidatas que participaram do Enem e não zeraram na redação.

Programa Universidade Para Todos (Prouni)

O Prouni oferece desde 2004, para estudantes sem diploma universitário, bolsas de estudo, integrais e parciais, em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições de educação superior privadas. 

Mobilização, descentralização, garantias e enfim, um Ministério da Educação

O MEC foi fundado pelo decreto n.º 19.402, de 14 de novembro de 1930, durante o governo de Getúlio Vargas. Com o nome de Ministério da Educação e Saúde Pública, o departamento reunia, em uma única instituição, saúde, esporte, meio ambiente e educação.

Antes de Vargas, ainda na primeira República, os assuntos voltados à educação eram responsabilidade do Departamento Nacional do Ensino, ligado ao Ministério da Justiça. A mudança foi resultado de uma mobilização ocorrida entre as décadas de 1910 e 1920, quando intelectuais envolvidos com educação chegaram ao acordo de que o sistema educacional deveria ser organizado e centralizado pelo Estado. 

A proposta era, contudo, garantir recursos e instrumentos institucionais para as iniciativas de ensino que aconteciam no país.

Reformas que não deram certo

Nesse cenário, foi então aprovada em 1911, a Lei Orgânica do Ensino Superior e Fundamental da República, conhecida como Reforma Rivadávia Corrêa (decreto n. 8.659, de 5 de abril), dando autonomia e retirando a exclusividade do governo na criação de instituições de ensino superior e nivelando os cursos privados aos públicos.

No entanto, o modelo não deu certo e foi substituído pela Reforma Carlos Maximiliano (1915) que devolveu ao estado a regulamentação e controle da educação. Em 1925, a Lei Rocha Vaz manteve a centralização visando reforçar o controle do Estado sobre o sistema de ensino.

Como foram as discussões e propostas dos Conselhos 

Ainda em 1911, o Conselho Nacional do Ensino substituiu o Conselho Superior de Ensino (decreto n. 8.659, de 5 de abril). Suas atribuições incluíam discutir, propor e emitir opinião sobre o ensino público. Sua estrutura era formada por diretores e professores representantes das instituições de ensino federais e das particulares, e incluía o Conselho do Ensino Secundário e do Superior; o Conselho do Ensino Artístico e o Conselho do Ensino Primário e Profissional.

Dessa forma, o governo de Getúlio Vargas fica então marcado pela reforma administrativa, estabelecendo os ministérios do Trabalho e o da Educação e Saúde Pública. Em 1931, por meio do decreto n. 19.850, de 11 de abril, cria também o Conselho Nacional de Educação.

Ministro Camilo Santana, do Ministério da Educação
Ministro Camilo Santana (crédito: Joedson Alves / Agência Brasil)

Um professor no comando da pasta da educação

Para administrar todas as competências e desafios que a pasta da educação nacional demanda, é importante que a pessoa responsável entenda da área. O atual governo escolheu no início de janeiro de 2023, o professor e político Camilo Santana para comandar uma das pastas mais importantes do país.

Cearense, da cidade de Crato, no Cariri, Santana (54  anos) é professor e engenheiro agrônomo. Na política, foi deputado estadual, secretário estadual de Desenvolvimento Agrário e de Cidades, e em 2022, se elegeu ao senado e foi ex-governador do Ceará. 

Sua passagem pelo governo deixou boas marcas na educação básica do estado, com um modelo de educação reconhecido pela cooperação entre estados e municípios. No Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) o Ceará é o estado com 80 das 100 melhores escolas públicas (anos iniciais e fundamental). Destacando ainda o apoio e acompanhamento a professores e professoras, e gestores e gestoras da rede pública e foco na alfabetização na idade certa. 

Importância do MEC para o país

Num país de dimensões continentais como o Brasil, tratar a educação como direito e prioridade, com uma estrutura centralizada, tem sido a forma de gestão que melhor se adaptou ao longo dos anos. 

O órgão além de garantir o direito à educação, avalia e fiscaliza as instituições de ensino. Mas, ainda que exista um Ministério da Educação, o Brasil segue amargando baixas posições em rankings mundiais, e precisa tratar dos desafios dos salários defasados para os professores e a evasão escolar. 

Governo atual promete reestruturação

O atual mandato do presidente Lula apresentou uma agenda de reestruturação para o Ministério da Educação. Algumas das mudanças que já foram implementadas são:

  • Aumento do orçamento da pasta (R$ 12 bilhões a mais que o previsto); 
  • Priorização da expansão do ensino integral e infantil (creche e pré-escola); 
  • Investimentos na merenda escolar (reajuste entre 28% e 39% no programa), a fim de garantir a segurança alimentar nas escolas; 
  • Reajuste nas bolsas de pesquisa; 
  • Liberação de R$ 250 milhões para obras escolares represadas; 
  • E suspensão do polêmico novo ensino médio e das alterações do Enem para 2024 para realização de ajustes.

Educação em Direitos Humanos

Como vimos, as várias tentativas e movimentações ocorridas no sentido de conceber a educação como um direito humano no Brasil foram resultado da ação de pessoas, instituições e poderes. 

E não se pode lutar por uma causa, ou defender a manutenção dos direitos sem que as pessoas se sintam seguras da sua integridade e dignidade. E portanto, os direitos humanos são uma conquista da sociedade, existindo para guiar as pessoas para que vivam em equilíbrio entre si, com a sociedade e as estruturas de poder.

O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos prevê, em suas linhas de ação, a presença da EDH na educação formal – o que está relacionado à atuação do MEC. “A educação em direitos humanos deve abarcar questões concernentes aos campos da educação formal, à escola, aos procedimentos pedagógicos, às agendas e instrumentos que possibilitem uma ação pedagógica conscientizadora e libertadora, voltada para o respeito e valorização da diversidade, aos conceitos de sustentabilidade e de formação da cidadania ativa”, diz o documento.

O Instituto Aurora tem como missão defender e promover a Educação em Direitos Humanos, além de estar comprometido com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU. Uma de nossas frentes de atuação é relacionada ao ODS 4, que fala sobre educação de qualidade e plural. Acesse o portfólio e conheça nossos projetos.

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Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
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Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
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A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
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Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
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Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
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Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
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Minha empresa quer doar

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    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.
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