A desigualdade de gênero no mercado de trabalho se apresenta em diversas situações: diferença salarial, menor acesso a posições de liderança, maior taxa de informalidade, entre outras. Vamos entender as raízes desse problema e possíveis soluções.

Por Instituto Aurora

(Foto: Israel Andrade / Unsplash)

Um dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU fala especificamente sobre alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as meninas e mulheres – o ODS 5.

Para alcançar essa igualdade, é preciso passar por diversos aspectos econômicos, sociais, políticos e culturais de nossa sociedade. A questão da desigualdade de gênero no mercado de trabalho é um desses aspectos, como podemos observar em uma das metas do ODS 5:

5.5 Garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e pública.

Vamos entender as raízes desse problema e pensar em soluções?

O que vamos abordar neste artigo:

Publicado em 01/05/2024.

A desigualdade de gênero no mercado de trabalho brasileiro

O estudo “Estatísticas do gênero”, divulgado pelo IBGE em abril de 2024, traz uma análise interseccional relacionada a diversas questões de desigualdade de gênero. A pesquisa constatou que mulheres pretas ou pardas são as mais afetadas pelas desigualdades na educação, na renda, no mercado de trabalho e na representatividade política.

Os dados sobre participação no mercado de trabalho revelam que a taxa de participação de mulheres na força de trabalho foi de 53,3%, enquanto a dos homens foi de 73,2%. Esse dado está relacionado a outra informação do estudo: mulheres dedicam quase o dobro de tempo do que homens com cuidados de pessoas e / ou afazeres domésticos.

Essa alta carga em afazeres domésticos influencia ainda a jornada de trabalho, a taxa de desocupação e a taxa de informalidade. Por isso, ela também é um ponto de destaque no ODS 5, como podemos ver na seguinte meta:

5.4 Reconhecer e valorizar o trabalho de assistência e doméstico não remunerado, por meio da disponibilização de serviços públicos, infraestrutura e políticas de proteção social, bem como a promoção da responsabilidade compartilhada dentro do lar e da família, conforme os contextos nacionais

Quais as raízes da desigualdade de gênero no mercado de trabalho

O machismo estrutural é um dos fatores que está na raiz da desigualdade de gênero no mercado de trabalho. O machismo se refere às normas e práticas sociais que perpetuam a crença na superioridade masculina e na subordinação feminina. Assim, em uma sociedade machista, os estereótipos de gênero prevalecem, considerando as mulheres como menos capazes para certas posições de trabalho, especialmente as de liderança – que são as que oferecem melhores salários.

O machismo estrutural também orienta meninas às atividades de cuidado e os meninos às atividades de outra ordem. Isso se reflete no futuro, na hora da escolha do curso de graduação, profissão, entrada no mercado de trabalho e salário.

Em um mundo que fomenta o crescimento de áreas de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), com os empregos e salários mais competitivos neste setor, quem tendem a ser os maiores beneficiados? Nessa lógica apresentada, os homens.

De fato, segundo dados do Censo da Educação Superior de 2022, as mulheres eram maioria dos concluintes de cursos presenciais de graduação, representando 60,3%. Mas nos cursos das áreas de STEM, elas representam apenas 22% das pessoas que estavam se formando.

É importante destacar também a interseccionalidade de gênero com outros marcadores identitários, reconhecendo que as mulheres enfrentam diferentes formas de discriminação com base em sua raça, etnia, orientação sexual, entre outros fatores. Mulheres negras e mulheres trans, por exemplo, enfrentam barreiras adicionais que ampliam a disparidade de renda.

Qual o papel do Estado para mudar esse cenário

O Estado tem um papel importante para mudar esse problema. Aqueles que estão em posição de poder, representando o Estado, orientam também o posicionamento da sociedade. Logo, líderes políticos favoráveis à igualdade de gênero mandam uma mensagem para a sociedade, barrando de alguma forma a legitimação de ideias e práticas discriminatórias.

Recentemente, foi sancionada a lei de igualdade salarial no Brasil. A lei por si só não resolve o problema, mas estabelece orientações para uma mudança efetiva. Além disso, cabe ao Estado promover políticas sociais e afirmativas, bem como leis, com a perspectiva de gênero para diminuir as desigualdades.

Alguns exemplos podem ser:

  • ampliação de creches públicas, possibilitando com que as mulheres contem com esse serviço para que possam trabalhar período integral no mercado formal;
  • licença paternidade expandida, incentivando a divisão igualitária de responsabilidades de cuidado entre homens e mulheres, e possibilitando o retorno ao mercado de trabalho com qualidade por parte da mulher – se assim ela quiser;
  • promoção de cursos de aperfeiçoamento profissional alinhado com necessidades de mercado e também com desenvolvimento de habilidades para liderança, garantindo que a mulher tenha chances reais de acessar salários tão bons quanto os de seus colegas homens.

O papel da sociedade civil para combater a desigualdade de gênero no mercado de trabalho

Ao falarmos da necessidade de uma mudança cultural, ela precisa acontecer aliada à educação formal (aquela realizada em escolas e universidades) e à educação não-formal (aquela realizada em outros espaços, como mídia, indústria cultural etc).

A educação para igualdade de gênero e para o respeito aos direitos humanos é essencial para desconstruir estereótipos de gênero e promover uma cultura de respeito e igualdade.

É importante destacar também que as pautas feministas visam garantir direitos igualitários para todos e todas, sem ameaçar os direitos dos homens. Promover uma compreensão mais ampla e inclusiva das questões de gênero ajuda a superar resistências e avançar em direção à igualdade real.

E, ainda, precisamos reforçar o papel da sociedade civil em eleger mulheres que sejam favoráveis aos direitos das mulheres, a fim de que elas representem a população na proposição de leis e na oposição a discursos e decisões que possam ser discriminatórias.

O Instituto Aurora atua com a promoção e defesa da Educação em Direitos Humanos. Conheça nossas ações em prol da igualdade de gênero.

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Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
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Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
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A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
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Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
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Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
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Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
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Minha empresa quer doar

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    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.
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