Uma competição esportiva pode trazer reflexões sobre Direitos Humanos? A resposta é: sim! Trazemos aqui alguns dados sobre as Olimpíadas de Paris e questões de gênero.

Por Mayumi Maciel, para o Instituto Aurora.

(Foto: Mariana Ziehe / COB)

Em 2024, tivemos uma situação histórica nas Olimpíadas de Paris: pela primeira vez, o número de mulheres foi maior do que o de homens na delegação brasileira. Dos 276 atletas, 153 foram mulheres, o que corresponde a 55% do total.

Isto se refletiu também nas conquistas pelas medalhas de ouro, que vieram todas das mãos de mulheres: Beatriz Souza, no judô; Rebeca Andrade, no solo da ginástica artística; e a dupla Ana Patrícia e Duda, no vôlei de praia.

Outro número que reflete a participação feminina é quando vemos o total de medalhas que vieram para o Brasil. Foram 20 no total: 3 ouros, 7 pratas e 10 bronzes. 12 delas foram conquistadas por mulheres, 7 por homens, e 1 por equipe mista.

Publicado em 14/08/2024.

Recordes

Crédito: Wander Roberto / COB

Com quatro medalhas nas Olimpíadas de Paris, e seis no total, Rebeca Andrade se tornou a maior medalhista olímpica da história do Brasil, passando à frente de Robert Scheidt e Torben Grael, com 5 medalhas cada.

Rayssa Leal também trouxe uma marca histórica: ela se tornou a atleta mais jovem a conquistar medalhas em duas edições diferentes das Olimpíadas. A primeira medalha foi uma prata, em Tóquio, e agora, aos 16, veio o bronze no skate street.

Meninas e mulheres

Crédito: Gaspar Nóbrega / COB

Ao acompanhar as provas de skate dessas Olimpíadas, percebe-se uma grande diferença entre as idades nas provas masculina e feminina. Enquanto todos os homens tinham mais de 20 anos, o skate feminino é um esporte, literalmente, de meninas, com competidoras até de 12 anos.

Para ilustrar isso: no pódio feminino do skate street, Rayssa Leal era a mais velha, com 16 anos. Ela levou o bronze, enquanto as japonesas Coco Yoshizawa, de 14, e Liz Akama, de 15, ficaram com o ouro e a prata, respectivamente.

Por que as competidoras skatistas são tão jovens?

O motivo principal é que demorou até termos competições de alto nível no feminino. Por exemplo, na Street League, foi só em 2019 que a competição feminina foi incluída no programa. Sem competições, sem patrocínio.

Isso fez com que muitas mulheres acabassem abandonando o skate, enquanto homens seguiam na carreira. O tipo de situação que já vimos acontecer com muitas mulheres, seja no esporte, seja em outras profissões.

É bom presenciar novas gerações escrevendo novas histórias como resultado de muitas lutas. Meninas como Rayssa Leal têm uma perspectiva de carreira mais longa no esporte e nas competições, com investimento, patrocínio e torcida.

Mulheres pretas no topo

Crédito: Alexandre Loureiro / COB

Tivemos ainda um feito inédito na ginástica artística. Pela primeira vez nos jogos olímpicos, o pódio foi formado por três mulheres negras: a brasileira Rebeca Andrade, na primeira posição no solo feminino, e as estadunidenses Simone Biles e Jordan Chiles no segundo e terceiro lugar, respectivamente.

Embora no momento a medalha de bronze esteja passando por uma disputa jurídica, após o pedido de revisão da Romênia, a imagem das três atletas que subiram ao pódio foi um dos destaques das Olimpíadas. Ao reverenciarem Rebeca, que, em seguida, dá às mãos às adversárias, as três entregam uma mensagem de sororidade, que é essa relação de apoio entre mulheres.

Na final feminina individual geral da ginástica artística, já havia sido formado um pódio por três mulheres não brancas, sendo duas negras nas primeiras posições: Simone Biles (1º), Rebeca Andrade (2º) e a estadunidense de etnia asiática Hmong, Sunisa Lee (3º).

Na história das Olimpíadas, além de Simone Biles, apenas mais uma ginasta negra conquistou o ouro nesta categoria: Gabrielle Douglas, em Londres, em 2012.

Historicamente, a ginástica artística se construiu como um esporte elitizado, exigindo disponibilidade de tempo e de recursos. E, com isso, tivemos um número significativamente maior de ginastas brancas em competições.

Além da elitização, ideias racistas estiveram presentes neste e em outros esportes. Por exemplo, a crença de que pessoas negras teriam “os ossos mais pesados” e por isso não seriam boas ginastas.

Crédito: Rafael Bello / COB

“Mulherada, pretos e pretas do mundo todo. É possível. Acreditem.”, foi uma mensagem de Beatriz Souza, após sua vitória no judô. A atleta chama atenção para as dificuldades enfrentadas por mulheres e pessoas negras no acesso a oportunidades.

Felizmente, o cenário vem mudando nos últimos anos, e o pódio dos jogos em Paris é emblemático. A representatividade importa para inspirar outras meninas e mulheres, e para termos espaços cada vez mais diversos e inclusivos.

Desafios pela frente

Apesar das conquistas, não podemos esquecer também dos problemas enfrentados por mulheres durante os Jogos Olímpicos. Como o caso da velocista Flavia Lima, acusada de abandono materno por ter viajado para participar da competição.

E ainda estamos distantes da paridade de gênero do Comitê Olímpico Internacional. Tivemos um crescimento nos últimos anos, mas as mulheres são apenas 33% do total.

Estamos caminhando para uma maior igualdade de gênero em diversos aspectos de nossa sociedade, e com o esporte não é diferente. Ainda temos muito a batalhar, mas aproveitamos este momento para celebrar as conquistas. Que cenas como as das Olimpíadas de Paris sejam cada vez mais comuns!

Conheça a visão do Instituto Aurora para a igualdade de gênero.

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Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
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Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
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A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
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Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
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Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
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Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
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Minha empresa quer doar

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    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.
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