Neste artigo, trataremos sobre a importância da não-violência e da comunicação não-violenta para a construção do diálogo e de uma cultura de paz na sociedade e sua conexão com os direitos humanos.
Por Thaisa Martins Lourenço, para o Instituto Aurora
(Foto: Jana Rizziolli)
“A não violência é a maior força à disposição da humanidade”. Mahatma Gandhi
O papel de cada ser humano é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e digna para todas e todos.
A partir da consciência de nós mesmos, podemos praticar ações que ajudarão no desenvolvimento de uma sociedade que busca efetivar direitos e garantias, que respeita a diversidade e que preza pela dignidade humana.
O que vamos abordar neste artigo:
- O Dia da não-violência e a sua importância para a sociedade.
- O que é a não-violência?
- O que é a comunicação não-violenta?
- Por que essa questão se conecta ao ODS 16 (cultura de paz)?
Publicado em 05/10/2021.
O Dia da não-violência e a sua importância para a sociedade.
Você sabia que as Nações Unidas estabeleceram o dia internacional da não-violência? A não-violência é comemorada no dia 02 de outubro, e foi definida em homenagem ao dia de nascimento de Mahatma Gandhi, líder indiano que promoveu a união e a paz, através do diálogo e de protestos pacíficos.
A violência pode ser percebida em diferentes contextos, sob diversas formas: desde a violação aos direitos humanos, a falta de acesso à justiça, as desigualdades existentes no mundo, aos discursos de ódio, às mudanças climáticas, à falta de educação para todas e todos, entre outros.
O dia da não-violência possui extrema importância para reafirmar a necessidade de se combater a intolerância, a violência, o desrespeito à dignidade humana, e principalmente de incentivar a educação pela paz, respeitando os direitos humanos.
O que é a não-violência?
A origem do termo “não-violência” vem do sânscrito e significa “ausência do desejo de ferir ou matar”. Este termo ficou bastante conhecido devido à luta pela independência da Índia, liderada por Mahatma Gandhi, e pela luta pelos direitos civis dos negros estadunidenses, liderada por Martin Luther King Jr.
Mahatma Gandhi, líder pacifista afirmava que: “o homem é dotado de uma condição compassiva natural que aparece quando a violência é afastada do coração.”
Assim, o conceito de não-violência pode ser definido como o exercício pessoal de não causar males a si mesmo e ao outro. Através da cooperação e respeito mútuo, é possível resolver conflitos e formar diálogos de paz.
Outra frase emblemática de Gandhi aponta a pobreza como “a pior forma de violência”. Desta maneira, podemos pensar como violência não apenas conflitos de guerra ou agressões com o objetivo de ferir outras pessoas, e sim todo tipo de situação que atenta contra a dignidade humana.
No contexto atual de pandemia e crise econômica, com falta de acesso a direitos como saúde e alimentação, por exemplo, é possível afirmar sim que vivemos um momento de violência. Garantir que todos e todas possam exercer esses direitos é uma forma de construirmos uma sociedade que preza pela não-violência.
O que é a comunicação não-violenta?
A comunicação não-violenta surgiu na década de 1960, durante o movimento a favor dos direitos civis e contra a segregação racial nos Estados Unidos. Foi criada pelo psicólogo estadunidense Marshall Rosenberg, e tem como base o conceito de não-violência.
A comunicação não-violenta é uma forma de abordagem que tem como foco estimular a harmonia e desenvolver a empatia nos relacionamentos interpessoais, tendo em vista a consciência de si mesmo, de como reagimos frente aos desafios da vida e de que forma a atitude do outro nos afeta.
Através da consciência de si mesmo, é possível estabelecer com o outro uma experiência de maior conexão. A partir do que sentimos, de como nos expressamos e do que precisamos, nos tornamos mais abertos e mais confiáveis para com o próximo, favorecendo uma maior sintonia e facilitando a resolução de possíveis conflitos.
A comunicação não-violenta se inicia na percepção de nós mesmos, por meio de quatro componentes: observação, sentimentos, necessidades e pedido.
Através da observação, é possível perceber a situação ou o fato, livre de julgamentos. Focamos apenas nos nossos sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar. Assim, podemos nos questionar: “O que realmente aconteceu?”
Ao avaliar o que sentimos a partir do fato ocorrido, exploramos a maneira como tal situação ou acontecimento nos afeta, e desta forma, podemos ter um maior controle sobre nossos sentimentos. Podemos então nos perguntar: “Quais sentimentos surgem?”
E ao pensar sobre as necessidades que temos, precisamos aprender a separá-las das estratégias que utilizamos para atendê-las. Interessante destacar que Marshall dizia que através das nossas necessidades poderíamos entender o chamado da vida para que as coisas fluam. Portanto, podemos indagar: “O que preciso neste momento?”
E por meio dessas respostas, podemos fazer um pedido. Ao realizarmos o pedido, temos que ter em consideração o que queremos, as nossas necessidades, e quando queremos, para que o outro compreenda quais são elas.
Aqui, é necessário estar aberto ao “não”, pois o objetivo da comunicação não-violenta é permitir a construção mútua de resultados a partir do entendimento de ambas as partes envolvidas.
Portanto, para que ocorra a comunicação não-violenta, é necessário antes de entrar em uma conversa, avaliar todos esses questionamentos, não para manipular resultados ou conseguir vantagens, mas sim para reconhecermos quem somos e construirmos juntos o melhor caminho a seguir.
A comunicação não-violenta possibilita a reconexão com as nossas próprias necessidades e também com as dos outros, por meio do desenvolvimento de habilidades sociais que visam o diálogo e a paz nos momentos mais difíceis, podendo ser utilizada desde situações familiares a conflitos diplomáticos.
Por que essa questão se conecta ao ODS 16 (cultura de paz)?
Como vimos, a não-violência começa por cada um de nós, a partir das nossas escolhas diárias pessoais. Através da forma de pensar e agir de cada um, podemos contribuir para a construção de um mundo mais pacífico.
O objetivo de desenvolvimento sustentável 16 das Nações Unidas no Brasil, conforme a Agenda 2030 é: “promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.” Caso você tenha interesse em saber mais sobre esse assunto, é só ler o nosso artigo ODS 16: pela construção e manutenção de uma cultura de paz.
Assim, podemos afirmar que a a não-violência e a comunicação não-violenta se conectam com o ODS 16, pois contribuem para a cultura de paz na sociedade, buscando promover e garantir os direitos fundamentais do ser humano, o respeito à vida e dignidade de cada pessoa, eliminando a discriminação, preconceito, violência, injustiça, desigualdade social, opressão política ou social.
Compreendeu o que é a não-violência e como ela se conecta aos direitos humanos? Para ler outros conteúdos de educação em direitos humanos, continue navegando em nosso blog!
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Algumas referências que usamos neste artigo
Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 16
QUEM FOI MARSHALL ROSENBERG: parte 1
Cultura de paz e Comunicação Não Violenta
A IMPORTÂNCIA DA CNV COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA NA REALIZAÇÃO DO PROCESSO DE AUTOCONHECIMENTO
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