Os rostos de grandes mulheres defensoras de Direitos Humanos, representantes de algumas partes do mundo, ficaram marcados nos muros do Colégio Tiradentes e na memória de quem pintou, visualizou e conheceu esse projeto. Conheça mais do projeto “As faces do muro”, que fez parte do “Novas lentes, novas mentes”

Por Vivianne Sousa, para o Instituto Aurora

(Foto: Franciele Correa. Arte: Café)

A vontade de mudar, transformar, transmutar, erradicar violências e preconceitos cresce de maneira irrefutável no meio da juventude. São anos de lutas e sementes plantadas, que estão florescendo de inúmeras maneiras por meio da educação, arte, política, literatura, ativismos e diversas manifestações.

“As Faces do Muro”: este foi o nome do projeto, desenvolvido em 2019, em Curitiba, que realizou intervenção artística de 40 metros quadrados com o envolvimento de 45 estudantes do Ensino Médio. O projeto fez parte do “Novas Lentes, Novas Mentes”, realizado no Colégio Tiradentes, que contou com o envolvimento de 10 facilitadores em 3 meses de trabalho, além de 53 pessoas participando da campanha de financiamento coletivo, que reuniu R$ 4 mil para a pintura do muro, sob a coordenação do artista Cleverson Pacheco, o Café.

Corpos potentes de ideias de mudanças tomam as salas de aulas, associações comunitárias, empresas, órgãos públicos e sobretudo as ruas por meio da arte. É assim que o “Faces do Muro” permitiu e potencializou mais um espaço de educação em direitos humanos por meio da trajetória, história e vida de mulheres tão potentes como Marielle Franco, Malala Yousafzai, Atena Daemi, Me Nam e Maria da Penha. Além da realização da pintura dessas mulheres ativistas, também foram realizados encontros sobre direitos humanos e masculinidade dissociada de violência.

Dar visibilidade a essas mulheres é oportunizar o processo de educar pelos direitos humanos por meio das suas trajetórias de lutas e conquistas, em diversos contextos de violências e opressões.
Algumas dessas mulheres são muito conhecidas entre nós, outras nem tanto, e talvez alguns desses nomes sejam totalmente desconhecidos nas nossas vidas e na existência dos jovens que participaram da oficina. Você sabe quem são essas mulheres?

Publicado em 18/08/2021.

(Foto: Franciele Correa. Arte: Café)

Marielle Franco, semente

Marielle Franco é mulher, negra, mãe, filha, irmã, esposa e cria da favela da Maré. Aos 19 anos, se tornou mãe de uma menina. Isso a ajudou a se constituir como lutadora pelos direitos das mulheres e debater esse tema nas favelas. Socióloga com mestrado em Administração Pública, foi eleita Vereadora da Câmara do Rio de Janeiro, com 46.502 votos. Foi também Presidente da Comissão da Mulher da Câmara.

No dia 14/03/2018, Marielle Franco foi assassinada em um atentado ao carro onde estava. 13 tiros atingiram o veículo, matando também o motorista Anderson Pedro Gomes. Quem mandou matar Marielle mal podia imaginar que ela era semente, e que milhões de Marielles em todo mundo se levantariam no dia seguinte.

(Foto: Carol Castanho. Arte: Café)

Malala Yousafzai, transformando pela educação

Malala foi a mais jovem vencedora do Prêmio Nobel da Paz, considerada símbolo da luta pelo direito à educação das meninas no mundo inteiro, sobrevivente da violência extremista do Talibã e feminista. Tornou-se mundialmente conhecida pelos seus discursos em defesa da educação e dos direitos humanos. Foi baleada quando voltava para casa em um ônibus escolar, desafiando os talibãs locais que impedem as jovens de frequentar a escola. Desde então, a ativista paquistanesa tem dedicado sua vida à defesa da educação para todos e todas.

“Foi a escola que me fez seguir em frente naqueles dias sombrios. Quando andava na rua, parecia-me que cada homem com quem eu cruzava podia ser um talibã. Escondíamos nossas bolsas e nossos livros sob o xale. Meu pai sempre dizia que a coisa mais bonita nas aldeias, toda manhã, era ver as crianças usando uniformes escolares. Mas agora tínhamos medo de usá-los.”

(Foto: Franciele Correa. Arte: Café)

Atena Daemi, por uma vida livre de tortura

Atena Daemi, do Irã, cumpre pena de sete anos na prisão de Evin, em Teerã. Foi submetida a condições desumanas e lhe foi negado tratamento médico como retaliação pela defesa dos direitos humanos, em particular por se manifestar contra a pena de morte.

Atena foi presa em outubro de 2014 e já realizou algumas greves de fome nesses anos de encarceramento. Essa é uma forma de protestar contra procedimentos desumanos e humilhações pelos quais presos e suas famílias são submetidos.

(Foto: Franciele Correa. Arte: Café)

Me Nam, a voz dos Direitos Humanos no Vietnã e a luta por um julgamento justo

Nguyen Ngoc Nhu Quynh, também conhecida como Me Nam (Mãe Cogumelo, em tradução livre), do Vietnã, é uma blogueira que foi condenada a 10 anos de prisão por denunciar injustiças e violações de direitos humanos, inclusive brutalidade policial.

Em outubro de 2018, depois de cumprir dois anos de pena, Me Nam foi liberada da prisão, sob a condição de ser exilada, e foi para os Estados Unidos. No período em que esteve encarcerada, sofreu com constantes problemas de saúde.

Lei Maria da Penha completa 15 anos
(Foto: Franciele Correa. Arte: Café)

Maria da Penha, combate à violência contra a mulher

Maria da Penha Maia Fernandes (Fortaleza-CE, 1º de fevereiro de 1945) é farmacêutica bioquímica e se formou na Faculdade de Farmácia e Bioquímica da Universidade Federal do Ceará em 1966, concluindo o seu mestrado em Parasitologia em Análises Clínicas na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo em 1977. O caso Maria da Penha é emblemático da violência doméstica à qual milhares de mulheres são submetidas em todo o Brasil.

No ano de 1983, Maria da Penha foi vítima de dupla tentativa de feminicídio por parte de Marco Antonio Heredia Viveros. Ele deu um tiro em suas costas enquanto ela dormia. Como resultado dessa agressão, Maria da Penha ficou paraplégica devido a lesões irreversíveis na terceira e quarta vértebras torácicas, laceração na dura-máter e destruição de um terço da medula à esquerda – constam-se ainda outras complicações físicas e traumas psicológicos. A sua luta por justiça durou 19 anos e 6 meses.

Mulheres defensoras de direitos humanos: histórias de vida e transformação

O poder das mulheres de transformar e enfrentar as opressões se faz uma tarefa fundamental para a construção de uma nova sociedade. Assim, todos os espaços podem ser oportunizados para a educação em direitos humanos com o intuito de impulsionar um mundo livre de preconceitos.

Quando pessoas jovens, por meio da arte, têm a possibilidade de entrar em contato com as histórias de vidas de mulheres defensoras de Direitos Humanos, podem se inspirar, pensando em suas próprias trajetórias. Já falamos um pouco sobre a arte para educar em direitos humanos no artigo Arte na Educação em Direitos Humanos: criar vivências e transmitir valores.

O Instituto Aurora tem como missão promover e defender a Educação em Direitos Humanos. Saiba mais sobre nossas ações em prol da igualdade de gênero.

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Algumas referências que usamos neste artigo:

YOUSAFZAI, Malala. Eu sou Malala: a história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

ESCREVA POR DIREITOS 2018 – E-BOOK EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS

Quem é Marielle Franco?

Quem é Malala Yousafzai? A prêmio Nobel em suas próprias palavras

Quem é Maria da Penha

Arrest of Nguyen Ngoc Nhu Quynh

Imprisonment of Atena Daemi

Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
Liberdade de pensamento: você tem?
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Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
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Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
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Minha empresa quer doar

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    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.
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