Se a tolerância é, para você, um termo um tanto quanto abstrato, este texto mostrará que é possível tornar esse conceito tangível – e não só isso: que devemos vivenciá-lo ativamente em nosso dia a dia.
Texto por Marilia Goldschmidt, para o Instituto Aurora
(Foto: Carol Castanho)
Você vê as diferenças como barreiras ou como convites ao diálogo? A pesquisa “Derrubando muros e construindo pontes“, conduzida pelo Papo de Homem e Instituto Avon, entrevistou 9.613 pessoas de todo o país para buscar respostas sobre como temos conversado com quem pensa diferente de nós.
O resultado:
- 50% das pessoas estão em trânsito, ou seja, têm níveis intermediários de busca por diálogo com quem pensa diferente, dependendo do contexto;
- 35% das pessoas estão entre muros, preferem não ter estas conversas e evitam consumir conteúdos que sejam divergentes do seu ponto de vista;
- Somente 15% são construtoras de pontes, e acreditam no diálogo como ferramenta de transformação.
Em um mundo onde os muros estão cada vez mais presentes, não seria importante inverter estes resultados e sermos cada vez mais construtores de pontes? Nós acreditamos que sim. E acreditamos que a tolerância é uma das atitudes fundamentais para mudarmos isso.
O que vamos abordar neste artigo:
Publicado em 21/04/2021.
Como podemos entender a tolerância
Aqui no Instituto Aurora, nós ligamos tolerância à possibilidade de coexistência. Ela é a atitude de aceitação de algo diferente, desconhecido ou até mesmo não desejável. Relacionada com os direitos humanos, a tolerância representa o mínimo necessário para a convivência entre culturas e pessoas diferentes.
De acordo com a Declaração de Princípios sobre a Tolerância, criada pela UNESCO há 25 anos, tolerância não é concessão, condescendência ou indulgência. Ela é, antes de tudo, uma atitude fundada no reconhecimento dos direitos humanos e das liberdades fundamentais do outro. Ela contempla o respeito e o apreço pela variedade de culturas, de formas de expressão e de existir como ser humano.
“A tolerância é a harmonia na diferença.”
Declaração de Princípios sobre a Tolerância (UNESCO)
Mas como podemos semeá-la? Ou, melhor, como podemos prevenir o seu contrário, a intolerância? A resposta que a Declaração nos traz em seu Artigo 4º é certeira: educação. Educar para a tolerância é, também, educar em direitos humanos. Conhecer nossos direitos e liberdades é o primeiro passo para buscar protegê-los – tanto para nós mesmos como para os outros.
Como podemos combater a intolerância
A educação é um dos meios para criar uma cultura de tolerância. Esta e outras atitudes que podem ajudar no combate à intolerância foram listadas pela ONU em sua página do Dia Internacional para a Tolerância. E nós compilamos todas elas por aqui:
Combater a intolerância requer educação
A intolerância, muitas vezes, está enraizada na ignorância e no medo: do desconhecido, do outro, de outras culturas, de nações, de religiões. E é com uma educação plural – aquela que acontece de diversas formas, não somente na sala de aula, e contempla múltiplas narrativas – que novos olhares podem ser formados sobre estas questões, e o medo e a ignorância podem ser transformados.
Combater a intolerância requer legislação
Cada governo é responsável por fazer cumprir os direitos fundamentais garantidos em sua constituição, por banir e punir crimes de ódio e discriminação contra minorias, sejam eles cometidos por funcionários do Estado, organizações privadas ou indivíduos.
Combater a intolerância requer acesso à informação
A liberdade de imprensa e seu pluralismo são fundamentais para que uma única história não seja tomada como verdade. Garantir o acesso a fontes de informação diversificadas é uma das chaves para que as pessoas possam distinguir fatos de opiniões.
Combater a intolerância requer consciência
Cada um de nós precisa começar a se perguntar: sou uma pessoa tolerante? Eu estereotipo pessoas? Rejeito aquelas que são diferentes de mim? Crio muros e prefiro não estabelecer conversas com as que pensam de outro modo?
Combater a intolerância requer soluções locais
Agir localmente incentivando o fortalecimento do senso de comunidade é um dos caminhos para confrontar a escalada da intolerância que vemos ao nosso redor. Reunir um grupo para enfrentar um problema, organizar uma rede de base, demonstrar solidariedade às vítimas da intolerância, desacreditar a propaganda odiosa: todos e todas podemos fazer isso.
Quer fazer parte da construção de uma cultura de direitos humanos? Veja como você pode se juntar ao Instituto Aurora!
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