Tem interesse em saber mais sobre como conhecer e se capacitar nas temáticas de Direitos Humanos? Além dos conteúdos produzidos pelo Instituto Aurora, como é nosso objetivo disseminar informações sobre outras iniciativas que pensam a educação em direitos humanos, esse artigo tem como propósito a divulgação de iniciativas como o Programa Nacional de Educação Continuada em Direitos Humanos (PNEC-DH). O programa, sob responsabilidade do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, promove a formação, capacitação e aprendizado em Direitos Humanos.

Por Mariana Coelho, para o Instituto Aurora

(Foto: Jana Rizziolli)

Pensar em educação em direitos humanos é pensar em uma educação sobre, com e para os direitos humanos. Uma educação permanente, contínua, global, voltada à mudança cultural e para atingir corações e mentes. Uma educação antirracista, em prol da democracia e do bem comum.  Ou seja, é pensar em formas de estudar e se familiarizar com a temática de direitos humanos, seja na escola, seja com a educação não formal, seja na atuação diária em movimentos sociais, extensões, e atuações profissionais.

Isso porque a educação em direitos humanos precisa estar presente em nosso cotidiano para que sejamos defensoras e defensores de direitos humanos e saibamos dos nossos direitos, como defendê-los e como impedir retrocessos em nossas conquistas históricas de direitos, através das lutas populares. 

O Instituto Aurora tem como missão a educação em direitos humanos, ampliando a compreensão do tema e promovendo diálogos para o reconhecimento das diferenças e a construção da paz. Neste artigo, vamos abordar a questão do Programa  Nacional de Educação Continuada em Direitos Humanos (PNEC-DH). Você sabia que ele existe?

“Nossa sociedade só perceberá – e, mesmo assim, gradualmente – a necessidade de se reconhecer, defender e promover os direitos humanos de todos, a partir de dois movimentos: 1. A organização do povo, pela base, para exigir do Estado, a garantia real dos direitos fundamentais, segurança, educação, saúde, acesso à justiça e aos bens culturais, moradia, emprego e salário justo, seguridade social etc. 2. Uma vigorosa campanha de esclarecimento, nos meios de comunicação, do significado dos direitos humanos, associados à justiça social e à democracia, e um compromisso com a educação em direitos humanos e em outros espaços públicos, desde já”.

Maria Victoria Benevides, 12- Direitos humanos: desafios para o século XXI, em Educação em Direitos Humanos: fundamentos teórico-metodológicos.

O que vamos abordar neste artigo:

Publicado em 13/09/2023.

O que é o Programa Nacional de Educação Continuada em Direitos Humanos (PNEC-DH)?

De acordo com a Portaria nº 4063, de 20 de dezembro de 2021, foi instituído o Programa Nacional de Educação Continuada em Direitos Humanos (PNEC-DH), no âmbito do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. De acordo com o artigo 1º desta portaria, entende-se que o PNEC-DH estabelece objetivos, diretrizes e mecanismos voltados à promoção do conhecimento e da formação em direitos humanos por meio da educação não-formal. Tal programa constituiu-se de um catálogo de cursos na modalidade de educação a distância sobre temas de Direitos Humanos para um público diverso, sendo, pois, uma ótima forma de conhecer e se atualizar sobre a importância da temática dos Direitos Humanos.

Os artigos da portaria também fazem uma importante diferenciação entre o que é educação em direitos humanos, o que é educação continuada, e o que é educação não-formal:

  • Educação em direitos humanos: o uso de concepções e práticas educativas fundadas nos Direitos Humanos e em seus processos de promoção, proteção, defesa e aplicação na vida cotidiana e cidadã de sujeitos de direitos e de responsabilidades individuais e coletivas, em conformidade ao disposto nas Diretrizes Nacionais para Educação em Direitos Humanos, por meio da Resolução CNE/CP nº 1, de 30 de maio de 2012;
  • Educação continuada: um processo baseado na necessidade de aprendizagem contínua, que possibilita a aquisição de conhecimentos em questões específicas e globais e o desenvolvimento de habilidades;
  • Educação não-formal: a aquisição e produção de conhecimento além de escolas e instituições de ensino, que inclui a qualificação para o trabalho, a adoção e o exercício de práticas voltadas para a comunidade.

No artigo 3º da Portaria, estão descritos os objetivos do PNEC-DH:

  • a) a produção, promoção, atualização e divulgação dos cursos sobre temas de direitos humanos para público diverso e em linguagem acessível,
  • b) a capacitação e qualificação de profissionais que atuam direta ou indiretamente com temas de direitos humanos,
  • c) o aprimoramento e execução de serviços e políticas públicas por meio da formação em direitos humanos,
  • d) e a contribuição para a redução de desigualdades em formação e capacitação em direitos humanos de servidores e agentes públicos nos níveis federal, estadual, municipal e no Distrito Federal.

Tais objetivos estão diretamente ligados com os objetivos da República do artigo 1º da Constituição, dentre eles a erradicação da pobreza e marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais (artigo 3º, III, CRFB/88).

Quem pode fazer os cursos do PNEC-DH?

Os cursos do programa são indicados para os mais diversos públicos, incluindo servidores públicos, estudantes, representantes de movimentos sociais e organizações da sociedade civil e pessoas interessadas na temática. Além disso, os cursos são gratuitos e certificados pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap). É importante levar conhecimento de qualidade sobre a educação em direitos humanos para todas as pessoas, de forma acessível e com linguagem inclusiva, a fim de que se atinja os objetivos de construção de uma educação e cultura sobre, com e para os direitos humanos.

Quais cursos estão disponíveis no  Programa Nacional de Educação Continuada em Direitos Humanos?

Os cursos do programa, que são produzidos e atualizados anualmente e conforme disponibilidade orçamentária, tem como temas as demandas de unidades do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, outros órgãos do Poder Executivo Federal e decorrente de diálogo com outros órgãos e entes da Federação para identificar temas úteis e necessários para a formação, capacitação e qualificação em direitos humanos de público diverso.

Cabe ressaltar que, com a transição de governo e a criação de novos Ministérios, dentre eles o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, continuam existindo os cursos disponibilizados pela Escola Virtual do Governo em parceria com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, denominação dada na gestão anterior. Houve também o lançamento da comunidade “Direitos Humanos em pauta – comunidade MDHC”, no whatsapp. 

Os cursos que já estavam disponibilizados na plataforma e que inauguraram o PNEC-DH foram:

  • “Educação em Direitos Humanos”, com 30 horas-aula, que trata de aspectos históricos, tratados internacionais, políticas públicas brasileiras e o atual status da Educação em Direitos Humanos no País;
  • “Direitos Humanos: Uma Declaração Universal”, com 20 horas-aula, que celebra os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e analisa a importância do documento, seu conteúdo e as garantias fundamentais que ele estabelece; e
  • “Promoção e Defesa dos Direitos LGBT”, com 30 horas-aula, trata da promoção e defesa dos principais direitos da população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, como direitos ao corpo e saúde, educação, trabalho e renda, além dos fundamentos da identidade de gênero e orientação afetivo-sexual.

Com a criação do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, no governo Lula de 2023, foi fundado o curso “Direitos Humanos e Saúde Mental”, um curso permanente organizado em parceria com o “Desinstitute”, uma organização da sociedade civil com atuação no Brasil e América Latina, com o objetivo de oferecer formação sobre os princípios e normas de direitos humanos que devem reger os cuidados de saúde das pessoas com transtorno mental.

Ou seja, o programa, lançado na gestão passada, é uma iniciativa de formação continuada de educação em direitos humanos que, além de mantido, será aprimorado, e repleto de novidades, como os novos cursos, a comunidade digital e outras iniciativas como aplicativo “Clique Cidadania”, aplicativo para os telefones de sistema Android, que oferece informações e orientações atualizadas sobre direitos humanos, assistência social, educação, saúde, trabalho, entre outros. 

Além desse, também foi lançado o curso “Promoção e defesa dos direitos das pessoas LGBTQIA+”, com o intuito de fortalecer a cultura de direitos humanos, a partir do reconhecimento, valorização e respeito à diversidade, buscando compreender os principais desafios vivenciados por pessoas LGBTQIA+. Todos os cursos são feitos em parceria com a Escola Virtual do Governo.

Os cursos do Programa contemplam a Escola Nacional de Direitos Humanos, a Escola Nacional da Família, Escola Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente e a Escola Nacional de Socioeducação.

Essas, respectivamente, disponibilizam cursos sobre as diversas temáticas associadas à política nacional de direitos humanos e seu conjunto abrangente de públicos, dentre eles pessoas com deficiências e povos e comunidades tradicionais; cursos de formação de pais / responsáveis e profissionais interessados na temática da educação; cursos de formação de pais / responsáveis, conselheiros tutelares e demais profissionais interessados em temáticas relacionadas aos direitos da criança e adolescente, e cursos e formação de profissionais interessados em temáticas relacionadas ao Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase).

Qual a importância do Programa Nacional de Educação Continuada em Direitos Humanos?

Essa iniciativa é extremamente importante porque estimula o conhecimento e a disseminação de estudos e conteúdos sobre educação em direitos humanos. Ainda mais por ter sido pensada no ano de comemoração dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, pensar a educação e reflexão sobre o que são e promovê-los é uma missão fundamental e que precisa ser constantemente revista para que seja melhor implementada.

Principalmente por ser uma modalidade de ensino à distância e garantir o acesso a pessoas de diferentes regiões e realidades, o programa e as iniciativas recentes de educação em direitos humanos promovidas a nível federal são essenciais para a capacitação, qualificação e ação de profissionais, e principalmente cidadãos e cidadãs críticos e conscientes de seus direitos. 

Além dos cursos, o programa contempla a “Plataforma de Interação Social em Direitos Humanos”, que reúne, em um mesmo ambiente, iniciativas do Ministério destinadas  formação, capacitação e qualificação de cidadãos e cidadãs nas temáticas relativas aos direitos humanos, e oportunidades de participação social em conselhos de direitos, conferências nacionais e fundos públicos da política nacional de direitos humanos, que é uma das formas mais legítimas de garantir participação social na construção de políticas públicas. 

As iniciativas de participação social compreendem:

  • I) os Conselhos de Direitos, que são espaços permanentes de participação social, compostos por representantes governamentais e da sociedade civil,
  • II) a Conferência de Políticas Públicas, que representa encontros de participação de representantes governamentais e não governamentais para discussão e tomada de decisão sobre determinada política pública, e
  • III) Fundos Públicos, que são fundos aptos a receber recursos financeiros doados por pessoas físicas e jurídicas para promoção de direitos. 

Além de tais iniciativas, ressaltamos as produções do Instituto Aurora como organização preocupada com a educação em direitos humanos e que lançou o “Panorama da Educação em Direitos Humanos no Brasil”, que apresenta um olhar intrigado para compreender como a institucionalização da Educação em Direitos Humanos foi pensada nos biênios 2019-2020 e 2021-2022. É uma pesquisa que foi pensada para aprofundar os dados de como é feita a Educação em Direitos Humanos na prática dos órgãos públicos.

Como resultado da pesquisa, criou-se um banco de dados sobre a EDH no Brasil, que apresenta dados dos estados brasileiros, em fácil visualização, sobre o grau de institucionalização da EDH analisados em três aspectos: documento orientador, órgão de governo e órgão colegiado. Também é possível acessar informações detalhadas sobre os órgãos públicos que atuam com EDH, como temas principais, políticas, ações e orçamento. 

O Instituto Aurora tem como missão promover e defender a Educação em Direitos Humanos, e nossas ações estão alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.

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Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
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Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
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A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
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Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
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Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
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Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
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Minha empresa quer doar

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    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.
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