Filósofa, educadora, atleta amadora e empreendedora… quem carrega essa rima em sua personalidade é uma de nossas conselheiras consultivas, Rafize Santos. Nessa entrevista, ela nos revela um pouco do olhar inovador, ágil e calmo de uma das mentes criativas que impulsiona o Instituto Aurora.
Por André Bakker
Foi assim que ela chegou…
No ano passado, fizemos uma série de entrevistas para o Dia de Doar, conhecendo várias personalidades marcantes e encantadoras que fazem parte do que é o Instituto Aurora. Em 2021, retomamos essa série de entrevistas. A personalidade de hoje tem um papel que é essencial para nós, porque a Rafize – a Rafi – é uma de nossas conselheiras.
A Rafi é muitas coisas, por isso, para começar a falar dela é preciso introduzir um conceito: polímata. Uma polímata é uma pessoa que estuda muitos assuntos, caminha por diversas áreas e tem um olhar multifacetado para o mundo. A Rafize, sem dúvidas, é uma polímata.
Juntando tudo isso, você já pode começar a montar a imagem com a qual nós começamos nossa conversa com a Rafi: uma conselheira, que é polímata, com um cachorro no colo, um sorriso no rosto e muita disposição para passar adiante todo seu conhecimento.
É certo que a caminhada para carregar todas essas características não foi simples. Sendo filósofa de formação, é até difícil imaginar como alguém que começou com o nariz enfiado em livros de Kant, metafísica e epistemologia, agora ocupa um cargo diretivo na Humans at work. Justamente, a Rafize vem trilhando um caminho singular em sua carreira.
O ponto inicial dessa história é o momento em que nossa conselheira foi conhecer o chão da escola, ensinando filosofia para crianças. Nesse contexto, Rafize teve sua primeira experiência como uma profissional autônoma. “A autora do material didático que a gente usava foi visitar as aulas e ela gostou tanto da perspectiva criativa das aulas que me chamou para produzir uns materiais para a editora”.
Entre idas e vindas, pouco tempo depois Rafize já estava coordenando a primeira pós-graduação em inovação da Curitiba, apesar da insegurança de entrar em uma área nova. Para ela, parecia loucura, mas a diretora da universidade em que trabalhava lhe deu o empurrão que faltava: “Só você que não vê que você é uma profissional da inovação. Olha suas aulas!”. Esse foi o momento catártico e não havia mais volta: seu talento para a inovação foi descoberto e o empreendedorismo passou a fazer parte de sua história.
Numa nova vida como consultora organizacional, Rafize foi chamada por empresas para facilitar processos de inovação empresarial, a realizar mentorias, à expertise para ser consultora e à cadeira que ocupa hoje na Humans at work como CLO (Chief of Learning Officer).
Com toda essa bagagem, não à toa ela pode dizer que seu grande objetivo é criar uma verdadeira conexão, uma ponte, entre a iniciativa privada e as ciências humanas: “trago uma perspectiva do empreendedorismo não romantizada ”.
“Um crush de muito envolvimento”
Para nós, esse olhar da Rafize é fundamental: trabalhar com direitos humanos no terceiro setor é empreender para contribuir com grandes problemas da sociedade. Talvez por isso ela tenha notado o Aurora.
O primeiro contato da Rafize conosco foi indireto. Ela acompanhava o Instituto Aurora à distância através da amiga em comum, a Tayná Leite. Sabe aquele ou aquela crush que é amigo ou amiga de um conhecido? Pois é, entre a gente foi assim. O encontro mesmo ocorreu em um café, onde ocorria uma edição do Clube do Livro. Clichê, né? Sim, mas foi lá que a amizade começou, e como todo bom crush, a faísca estava acessa.
No fim daquele ano realizamos o convite para o conselho. O que a Rafize não sabia – e ficou sabendo durante esta entrevista – é que sua fama a precedia. Quando começamos a avaliar os nomes de possíveis conselheiras, a Rafi já era conhecida por mais de um membro da equipe. Aliás, não era apenas conhecida, já era uma referência! Para uma organização social que trabalha com educação em direitos humanos, Rafize Santos era um nome certeiro!
O desafio de ser uma conselheira
Foi, então, com muito entusiasmo que o convite foi feito. E até hoje, “toda vez que o Aurora me chama para uma conversa, eu tenho frio na barriga”. Foi e é assim que Rafize assumiu o papel de conselheira consultiva, um convite que ela aceitou com um senso de grande responsabilidade.
“O convite chegou de uma forma muito profunda. Recebi com muita felicidade, mas arregaçando as mangas, pois a educação em direitos humanos é base do que a gente precisa cuidar no Brasil”. E, da nossa parte, o sentimento foi o mesmo! Ter uma conselheira como a Rafi trouxe para nós a responsabilidade de responder aos seus conselhos. Depois de quase 2 anos de conselho, podemos dizer que crush virou namoro. E o namoro vai bem!
“Poder apoiar consultivamente uma iniciativa que defende algo tão precioso no Brasil, e que está sendo tão atacado ao mesmo tempo no país, que são os direitos humanos e a educação em direitos humanos, isso me emociona profundamente.”
O papel da Rafize como conselheira tem tudo a ver com a sua trajetória profissional, trazendo uma mentalidade diferente para o Instituto e nos ajudando a lidar com questões desafiadoras. Por isso, Rafize descreve nossas trocas como uma “relação de muita coragem”: coragem da parte dela para trazer um novo olhar e coragem da parte do Aurora para receber de mente aberta seus aconselhamentos.
Dentre as contribuições da Rafi, estão suas percepções sobre sustentabilidade, um dos maiores desafios de todo empreendimento. Seu olhar nos ajuda a refletir e tomar decisões estratégicas para o futuro da organização. Sem contar que, seja na hora do desespero, seja para tomar um café e bater um papo, a Rafize sempre está à disposição. Por isso somos muito gratos por termos essa conselheira.
Mais perguntas do que respostas: uma filósofa conselheira
Não podemos deixar de ressaltar a habilidade que ela traz de aconselhar como uma verdadeira filósofa e educadora. Rafize questiona antes de propor. Sugere e não impõe. Extrai ideias do grupo e não deposita as suas próprias. O que ela faz é trazer um desconforto confortável, trazer perguntas mais do que respostas.
“Isso é potente! É uma herança da filosofia. Colocar o Aurora no exercício reflexivo, de dobrar-se sobre si mesmo e questionar-se sobre si mesmo, não é para desconstruir o Instituto, mas para a todo momento podermos repensar as nossas práticas. Trabalhar com educação para os direitos humanos é ensinar exatamente o exercício que a gente está se propondo nessa relação entre consultora e Aurora”.
Nada mais compatível com a concepção de educação em direitos humanos que nós carregamos. Uma educação com diálogo, com reflexão, com troca e com construção. Educar em direitos humanos é ensinar esse exercício de fazer perguntas, para si e para o outro. É aprender a abrir mão de certezas ultrapassadas e aprender a conviver com as dúvidas.
Potencial no presente para realizações no futuro:
Na nossa relação entre Aurora e conselheira, buscamos realizar o potencial de ambas as partes. O potencial inovador, ágil e criativo da Rafi alimenta o nosso. E na nossa calma e cuidado, ela vê uma forma de ação que pode ser levada para outras organizações.
“Hoje eu enxergo o Aurora ampliando seu potencial de realização. Vocês ampliaram muito esse potencial. Vocês vêm caminhando para uma maturidade em várias áreas. Para os próximos anos, eu vejo uma equipe atingindo uma maturidade maior, mais pronta para encarar a ponte entre o setor privado e a educação em direitos humanos”
“A fruta que fica no pé apodrece”
Como faz em todas as suas atividades, Rafize deixou como mensagem final um chamado para a ação:
“Passe esse texto adiante! Compartilhe o instagram do Aurora com alguém! Não passe pelo Aurora sem fazer outra pessoa conhecer o Aurora. Todo e qualquer conteúdo de direitos humanos que você vir, não passe por isso sem passar adiante. Há trabalho a fazer”.
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