“Klara e o Sol”, de Kazuo Ishiguro, foi o livro escolhido como leitura coletiva organizada pelo Instituto Aurora no mês de setembro de 2021. A partir da obra pudemos refletir principalmente sobre questões que relacionam tecnologia e humanidade.
Por Mayumi Maciel, para o Instituto Aurora
“Klara e o Sol”, de Kazuo Ishiguro, conta a história de Klara, um Amigo Artificial (AA) que está em exposição numa loja, à espera de uma criança que queira levá-la para casa. No começo do livro, acompanhamos o cotidiano de Klara na loja, a convivência dela com outros AAs e a forma como ela observa o mundo. Também aprendemos um pouco sobre o funcionamento dos AAs, que são movidos a energia solar e que, dependendo da edição, podem apresentar alguns defeitos, inclusive comportamentais.
Klara é muito curiosa a respeito daquilo que acontece do lado de fora da loja. Por isso, quando tem a oportunidade de ficar na vitrine ao lado de outra AA, Rosa, ela aproveita para absorver tudo o que pode do mundo exterior e das relações humanas.
Depois de um período na loja, Klara vai morar na casa de Josie e sua mãe. A partir de então, ela consegue observar as relações humanas muito mais de perto e tenta aprender da melhor maneira possível, embora às vezes fique confusa. Por exemplo, ela percebe diferenças do comportamento de Josie quando está com outras crianças ou com Rick, o vizinho, e a mãe de Josie também age de formas diferentes em determinados momentos.
Além disso, Josie é uma menina que sofre com alguma doença não especificada, e Klara quer encontrar uma cura a qualquer custo.
Atualizado em 21/06/2024. Publicado em 29/09/2021.
Tecnologia e humanidade
Podemos dizer que uma questão que aparece de forma constante em “Klara e o Sol” é sobre aquilo que nos faz humanos. Seria a nossa personalidade? Os nossos sentimentos? O nosso coração? E se uma inteligência artificial conseguisse aprender isso tudo, o que a diferenciaria de um ser humano?
Além disso, outras questões referentes a tecnologia e humanidade são levantadas. Por exemplo, Rick mostra seus projetos de pássaros-drone ao sr. Vance. Eles são dispositivos que coletam dados, mas não precisam ser necessariamente usados para invadir a privacidade das pessoas. Entretanto, Rick diz que há “pessoas lá fora nas quais é melhor ficar de olho”, como “criminosos, paramilitares e cultos estranhos”.
O que “Klara e o Sol” tem a ver com Direitos Humanos?
Uma obra de ficção científica pode apresentar um futuro hipotético mas que nos faz refletir sobre questões do nosso presente.
Em dado momento no livro, parece que as crianças estão muito mais acostumadas com as interações com seus AAs do que com outras crianças. Em tempos nos quais as nossas interações têm sido muito intermediadas por telas – ainda mais durante a pandemia – é importante refletir sobre como estão as nossas relações humanas.
Quando Rick fala sobre seus pássaros-drone, podemos pensar sobre os dispositivos tecnológicos que já interferem na nossa privacidade – e talvez, até, em nossa liberdade.
E temos a questão das inteligências artificiais. Nós até já abordamos o assunto num artigo aqui no blog, Inteligência Artificial tem um problema de gênero. Além das inteligências artificiais poderem carregar preconceitos de quem as programa, podemos refletir sobre como nos relacionaremos com elas no futuro. Se as IAs desenvolverem sentimentos, por exemplo, quais responsabilidades teremos com elas? Elas teriam acesso a direitos? Como isso seria definido?
As leituras coletivas promovidas pelo Instituto Aurora
Durante o ano de 2021, o Instituto Aurora promoveu um Clube de Assinatura, com o objetivo de captar recursos e entregar conteúdos exclusivos sobre direitos humanos para assinantes. “Klara e o Sol” foi uma das leituras coletivas realizada pelo Clube.
Quer conhecer outros projetos de Educação em Direitos Humanos do Instituto Aurora? Acesse a seção “Portfólio”.
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