A arte pode ser uma aliada valiosa para conhecer e refletir sobre diferentes temas, sejam eles próximos ou distantes de nossa realidade. Neste artigo, apresentamos alguns filmes sobre Direitos Humanos para você assistir e refletir a respeito.
Quando falamos de Direitos Humanos, estamos falando de uma vida com dignidade para todas as pessoas. A Declaração Universal dos Direitos Humanos apresenta 30 artigos que abordam direitos que todas as pessoas deveriam ter, como não discriminação, acesso à justiça, ir e vir, educação, condições justas de trabalho, entre outros.
Os Direitos Humanos podem, por vezes, parecer um conceito abstrato e distante de nós, mas na verdade estão presentes no nosso dia a dia. Seja na forma como nos alimentamos, no transporte público que usamos, no nosso ambiente de trabalho ou estudo, em nossas moradias.
Para refletir mais sobre diferentes temas, apresentamos alguns filmes sobre Direitos Humanos, pensando em múltiplos assuntos que podem ser abordados. Você pode aproveitar as indicações para refletir a respeito de forma individual, ou assistir aos filmes de forma coletiva e levar a discussão para grupos de amigos, sala de aula ou outros ambientes.
Filmes sobre Direitos Humanos
7 Prisioneiros
O filme, dirigido por Alexandre Moratto, conta a história de Mateus, um jovem pobre do interior de São Paulo que se muda para a capital em busca de um trabalho. Até aqui, a história parece seguir apenas um clichê bastante conhecido.
Porém, o longa nos captura ao revelar a triste realidade da escravidão contemporânea, bastante presente em muitas cidades do Brasil. É uma história que reflete uma realidade social a qual, erroneamente, muitas vezes acreditamos já ter sido superada no país.
“7 Prisioneiros” está disponível na Netflix.
Cafarnaum
“Cafarnaum”, dirigido por Nadine Labaki, nos lembra o tempo todo que, em contextos de desigualdade social, o acesso a direitos figura como privilégios. No entanto, a garantia de tais direitos deveria ser prioridade na gestão de qualquer nação.
O filme se passa no Líbano, mas poderia ser no Brasil. Ele se apresenta a nós pela vida de Zain, um menino de cerca de 12 anos, que teve seus dias marcados por uma violência parental, social e estrutural, e ainda assim ele resiste e existe.
O longa nos faz lembrar que as histórias de vida são muito mais complexas do que as primeiras camadas podem nos apresentar. Nossas histórias diferentes são também fruto de relações e decisões excludentes ou não, justas socialmente ou não.
“Cafarnaum” está disponível para alugar em diversas plataformas online.
De gravata e unha vermelha
Neste documentário de 2015, dirigido por Miriam Chnaiderman, ouvimos vozes de um lugar de fala ainda bastante marginalizado em nossa sociedade. Ouvimos as vozes de pessoas transexuais, das travestis, de pessoas transgênero e de outras formas de ser e se expressar que vão além daquilo que é socialmente tido como “padrão”.
Ney Matogrosso, Laerte e Rogéria são algumas das personalidades que compõem esse filme. Seus depoimentos trazem reflexões sobre corpos e sexualidades.
“De gravata e unha vermelha” está disponível para alugar em diversas plataformas online.
Hoje eu quero voltar sozinho
“Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, de Daniel Ribeiro, acompanha a história de Leonardo, um rapaz cego, que passa por situações típicas da adolescência: o desejo por mais autonomia, as inseguranças da idade, as aulas no colégio, as amizades. Na adolescência, ocorre também o surgimento do primeiro amor e a descoberta da sexualidade. Essas sensações vão sendo despertadas aos poucos em Leo com a chegada de um aluno novo na turma, Gabriel.
O longa aborda as questões da deficiência visual e da homossexualidade de forma muito delicada, diluída na trama. São particularidades da história de Leonardo, assim como outros adolescentes teriam suas próprias.
O longa foi baseado em um curta metragem do mesmo diretor, “Eu Não Quero Voltar Sozinho”, que está disponível no Youtube.
“Hoje eu quero voltar sozinho” está disponível na Netflix e GloboPlay.
Human
O documentário “Human”, de Yann Arthus-Bertrand, é dividido em episódios compostos por depoimentos de milhares de pessoas de diversas partes do mundo. O filme nos mostra o quanto existe uma humanidade comum entre todas as pessoas.
Para produzir “Human”, o diretor passou três anos entrevistando mais de duas mil pessoas em 60 países. São histórias que passam por diferentes sentimentos, como amor e ódio, e situações cotidianas ou extraordinárias. Afinal, o que nos torna humanos?
No Youtube, está disponível a versão do diretor, com legendas em português, além de vídeos individuais de alguns dos depoimentos.
Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil
“Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil” é um documentário lançado em 2016, que gerou diversos debates e reflexões sobre a história brasileira em relação a temas como o descaso com a infância desassistida, o racismo e o autoritarismo das elites em relação às classes menos favorecidas.
No filme, durante uma aula, o professor e historiador Sydney Aguilar escuta de uma aluna que, na fazenda da família dela, havia diversos tijolos com o símbolo nazista. Essa informação desencadeia uma pesquisa feita por ele, que acaba por revelar a existência de 50 meninos órfãos que viviam na Fazenda Santa Albertina de Osvaldo Rocha Miranda, em São Paulo. Todos haviam sido retirados do Rio de Janeiro e permaneciam no local, isolados, há mais de dez anos.
Um dos sobreviventes contou que passava por terríveis experiências, como agressões por meio da “palmatória”, abusos psicológicos e até mesmo a privação do uso de seu próprio nome. Lá, ele era apenas o “número 23”.
“Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil” está disponível no GloboPlay.
O que ficou para trás
O filme de estreia de Remi Weekes é uma obra de terror de tirar o fôlego, tanto pela tensão criada em torno do casal de imigrantes sudaneses, quanto pela realidade da temática de fundo.
Refugiados em Londres em razão da guerra em seu país, Bol e Rial tentam reconstruir suas vidas. Mas, para isso, precisarão lidar com as desigualdades e preconceitos do presente e com os traumas do passado materializados em uma casa que não aceita a sua presença ali.
O luto, o direito ao passado e ao futuro, a realidade dos migrantes e refugiados de guerra são temas tratados na obra, algumas vezes de maneira sensível, outras de forma visceral.
“O que ficou para trás” está disponível na Netflix.
O silêncio dos homens
O documentário partiu de um projeto do Papo de Homem, que realizou uma pesquisa com mais de 40 mil pessoas sobre questões a respeito de masculinidades. Uma das constatações é que a maioria dos homens não fala sobre seus medos e dúvidas com amigos, e desse silêncio brotam diversos outros problemas.
O filme apresenta dores, qualidades, omissões e processos de mudança em diferentes homens. Com isso, traz reflexões sobre papéis de gênero e a necessidade de construção de outras formas de existir.
“O silêncio dos homens” está disponível no Youtube.
O som do silêncio
O filme, dirigido por Darius Marder, recebeu seis indicações ao Oscar de 2021, tendo sido premiado por “Melhor Som”. “O som do silêncio” nos dá uma perspectiva bastante vívida do que é estar na pele de uma pessoa com deficiência auditiva, ao acompanharmos Ruben, um baterista que começa a perder a audição.
O que é o normal? Existe uma maneira certa ou melhor de sentir o mundo à nossa volta? São essas as angústias vividas por Ruben, neste drama capaz de colocar em xeque nossas próprias concepções sobre o que é a vida para nós e para quem é muito diferente de nós.
“O som do silêncio” está disponível na Amazon Prime.
Privacidade hackeada
O documentário “Privacidade hackeada” nos leva a refletir sobre o direito à privacidade e sigilo dos dados pessoais, e como a violação desse direito interfere na opinião pública, impedindo uma disputa eleitoral justa e democrática, o que por consequência nos leva a outros problemas sociais.
O choque entre dados pessoais hackeados, estratégias de comunicação que geram notícias falsas e segmentação de entrega de conteúdo tem provocado um colapso na democracia. Ao ver o documentário, passamos a nos questionar sobre a nossa real liberdade de pensamento e a necessidade de um olhar mais atento ao que recebemos de conteúdo em nossas redes, por meio de anúncios, posts, compartilhamentos de notícias, entre outros.
“Privacidade hackeada” está disponível na Netflix.
Quando sinto que já sei
O documentário “Quando sinto que já sei” mostra que “Educação” não é um lugar com paredes e teto, cheio de salas preenchidas com cadeiras enfileiradas uma atrás da outra. Ela não acontece apenas no âmbito formal, no cumprimento de uma grade que ensina Português, Matemática, Biologia. Educação se faz, também, de modos “não-formais” – o que não quer dizer menos intencional ou comprometido.
O “não-formal”, neste caso, é compreender que andar pelo bairro onde a escola está localizada pode, por exemplo, ensinar algo muito valioso. É compreender que há muito a ser aprendido com os saberes populares e com aqueles que vivem as situações sobre as quais se tem estudado.
“Quando sinto que já sei” está disponível no Youtube.
Arte para educar em Direitos Humanos
Aqui no Instituto Aurora, nós acreditamos na arte como uma grande potencializadora da educação em Direitos Humanos. Por isso, esses filmes sobre Direitos Humanos são algumas sugestões para dar início a diálogos e reflexões transformadoras. E se você quiser se aprofundar na questão, temos outro artigo sobre o tema: Arte na Educação em Direitos Humanos: criar vivências e transmitir valores.
A arte também está presente em boa parte dos projetos que realizamos. Você pode saber mais no nosso portfólio e conhecer a história do Instituto Aurora na seção Quem somos.