“O avesso da pele”, de Jeferson Tenório, foi a leitura coletiva organizada pelo Instituto Aurora no mês de novembro de 2021. A partir da obra pudemos refletir sobre questões de direitos humanos, especialmente referentes a questões raciais.

Por Mayumi Maciel

“O avesso da pele”, de Jeferson Tenório, conta a história de Pedro, que teve seu pai assassinado durante uma desastrosa abordagem policial. Depois disso, ele busca resgatar o passado de sua família. A obra foi vencedora do Prêmio Jabuti 2021, na categoria “Romance Literário”.

Questões raciais

Com a morte de seu pai, Pedro passa a traçar sua trajetória. Ele não tem acesso – e nem teria como – a todo o passado do pai, então vai completando algumas memórias com aquilo que imagina que teria acontecido. E, também, fala sobre o passado de sua mãe.

Todos os momentos de “O avesso da pele” – passado e presente – são permeados por questões raciais. Em uma passagem muito tocante, Henrique, o pai, fala com Pedro sobre afetos, trazendo grande conexão com o título do livro.

É necessário preservar o avesso, você me disse. Preservar aquilo que ninguém vê. Porque não demora muito e a cor da pele atravessa nosso corpo e determina o nosso modo de estar no mundo. E por mais que sua vida seja medida pela cor, por mais que suas atitudes de modos de viver estejam sob esse domínio, você, de alguma forma, tem de preservar algo que não se encaixa nisso, entende? Pois entre músculos, órgãos e veias existe um lugar só seu, isolado e único. E é nesse lugar que estão os afetos. E são esses afetos que nos mantêm vivos.

Henrique foi morto durante uma abordagem policial, justamente num momento em que parecia ter renovado o seu ânimo como professor. Pedro, já “acostumado” com as estatísticas de mortes violentas, sente o peso do acontecimento tão próximo a ele.

O que “O avesso da pele” tem a ver com Direitos Humanos?

“O avesso da pele” aborda principalmente – mas não só – temas relacionados à questão racial e suas interseccionalidades. Alguns dos assuntos que pudemos refletir durante a leitura foram:

  • Racismo e suas manifestações em diferentes formas
  • Relações inter-raciais
  • Abandono paterno
  • Diferenças de vivências entre homens negros e mulheres negras
  • Violência doméstica
  • Colorismo
  • Violência policial
  • Racismo estrutural
  • Representatividade

As situações vividas por Pedro, Henrique e Martha (mãe de Pedro), além de outros personagens que aparecem no decorrer da história, podem ser relacionadas com situações que vivemos em presenciamos em nosso cotidiano.

Por exemplo, Henrique ouviu declarações racistas descaradas quando trabalhou como office boy. E também, anos mais tarde, na escola em que lecionava, era o único professor negro.

Como nos posicionamos quando presenciamos um episódio de racismo? Refletimos sobre a diversidade dos espaços que frequentamos? Reproduzimos discursos racistas, ou diminuímos a importância de relatos que denunciam racismo? Como lidamos com a morte violenta de pessoas negras?

Quer saber mais sobre as leituras coletivas promovidas pelo Instituto Aurora?

Todos os meses o Instituto Aurora faz uma votação em nosso perfil do Instagram, para que seja escolhida a leitura coletiva do mês seguinte. Ao final de cada mês, publicamos em nosso blog uma resenha como esta, em que trazemos reflexões sobre a obra e sua relação com os Direitos Humanos.

Se você quiser se aprofundar mais nas leituras e também participar de um espaço para compartilhar suas reflexões, pode participar do nosso Clube de Assinatura. Temos várias opções de recompensas disponíveis, inclusive um Guia de Leitura, no qual apresentamos comentários e perguntas provocadoras de reflexões a partir da obra do mês. Você ainda pode participar de um grupo exclusivo no Telegram, onde conversamos sobre livros e outros assuntos.

Pontes ou muros: o que você têm construído?
Em um mundo de desconstrução, sejamos construtores. Essa ideia foi determinante para o surgimento do Instituto Aurora e por isso compartilhamos essa mensagem. Em uma mescla de história de vida e interação com o grupo, são apresentados os princípios da comunicação não-violenta e da possibilidade de sermos empáticos, culminando em um ato simbólico de uma construção coletiva.
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Quem é você na Década da Ação?
Sabemos que precisamos agir no presente para viver em um mundo melhor amanhã. Mas, afinal, o que é esse mundo melhor? É possível construí-lo? Quem fará isso? De forma dinâmica e interativa, os participantes serão instigados a pensar em seu sistema de crenças e a vivenciarem o conceito de justiça social. Cada pessoa poderá reconhecer suas potencialidades e assumir a sua autorresponsabilidade.
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A vitória é de quem?
Nessa palestra permeada pela visão de mundo delas, proporcionamos um espaço para dissipar o medo sobre palavras como: feminismo, empoderamento feminino e igualdade de gênero. Nosso objetivo é mostrar o quanto esses termos estão associados a grandes avanços que tivemos e ainda podemos ter - em um mundo em que todas as pessoas ganhem.
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Liberdade de pensamento: você tem?
As projeções para o século XXI apontam para o exponencial crescimento da inteligência artificial e da sua presença em nosso dia a dia. Você já se perguntou o que as máquinas têm aprendido sobre a humanidade e a vida em sociedade? E como isso volta para nós, impactando a forma como lemos o mundo? É tempo de discutir que tipo de dados têm servido de alimento para os robôs porque isso já tem influenciado o futuro que estamos construindo.
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Formações customizadas
Nossas formações abordam temas relacionados à compreensão de direitos humanos de forma interdisciplinar, aplicada ao dia a dia das pessoas - sejam elas de quaisquer áreas de atuação - e ajustadas às necessidades de quem opta por esse serviço.
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Consultoria em promoção de diversidade
Temos percebido um movimento positivo de criação de comitês de diversidade nas instituições. Com a consultoria, podemos traçar juntos a criação desses espaços de diálogo e definir estratégias de como fortalecer uma cultura de garantia de direitos humanos.
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Minha empresa quer doar

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    Depoimento de professora de Campo Largo
    Em 2022, nosso colégio foi ameaçado de massacre. Funcionárias acharam papel em que estava escrito o dia e a hora que seria o massacre (08/11 às 11h). Também tinha recado na porta interna dos banheiros feminino e masculino. Como gestoras, fizemos o boletim de ocorrência na delegacia e comunicamos o núcleo de educação. A partir desta ação, todos as outras foram coordenadas pela polícia e pelo núcleo. No ambiente escolar gerou um pânico. Alunos começaram a ter diariamente ataque de ansiedade e pânico. Muitos pais já não enviavam os filhos para o colégio. Outros pais da comunidade organizaram grupos paralelos no whatsapp, disseminado mais terror e sugestões de ações que nós deveríamos tomar. Recebemos esporadicamente a ronda da polícia, que adentrava no colégio e fazia uma caminhada e, em seguida, saía. Foram dias de horror. No dia da ameaça, a guarda municipal fez campana no portão de entrada e tivemos apenas 56 alunos durante os turnos da manhã e tarde. Somente um professor não compareceu por motivos psicológicos. Nenhum funcionário faltou. Destacamos que o bilhete foi encontrado no banheiro, na segunda-feira, dia 31 de outubro de 2022, após o segundo turno eleitoral. Com isto, muitos estavam associando o bilhete com caráter político. A polícia descartou essa possibilidade. Enfim, no dia 08, não tivemos nenhuma ocorrência. A semana seguinte foi mais tranquila. E assim seguimos. Contudo, esse é mais um trauma na carreira para ser suportado, sem nenhum olhar de atenção e de cuidado das autoridades. Apenas acrescentamos outras ameaças (as demandas pedagógicas) e outros medos.
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